terça-feira, 30 de julho de 2013

Shadows - Capítulo 9


            -Errado, Demi!- Gritou Jessy mais uma vez- A resposta certa é :Carlos Magno! Preste mais a atenção!
            Não suporto mais ela me criticando e gritando comigo, mas finalmente esse é o último dia que tenho que treinar com ela.
            Nos últimos sete dias, ela tem me ensinado História, Latim, Matemática, boas maneiras e moda, algumas coisas foram interessantes, como o fato de Sócrates ter sido um vampiro, mas a maior parte foi entediante.
            -Fiz o que pode.- Diz ela com tom de reprovação- Agora vai aprender por conta própria.
            Me levando da cadeira da biblioteca (Da gigantesca biblioteca) e vou saindo sem maiores delongas, ultimamente ela tem ficado muito ignorante comigo, falando de forma fria e me olhando como se eu fosse patética, mas eu simplesmente a ignoro.
            Minhas juntas vão estralando conforme vou passando pelos corredores vazios, todos estão agora tendo aulas, então estou sozinha, minha única distração seria ficar na biblioteca, mas a ideia de ficar perto de Jessy...
            Lindsey também está na aula, Joe está no treinamento (Eu meio que sem querer decorei o horário dele) e ficar presa em meu quarto me faz sentir sufocada, então decido dar uma passadinha na enfermaria, não é um lugar muito agradável, mas pediram para que eu voltasse lá para ver se estou melhor depois do meu pequeno episódio da semana passada.
            Algumas pessoas que demonstram talentos em medicina são liberadas de suas tarefas e ficam o tempo todo de prontidão, o lugar está razoavelmente cheio, 30% das macas estão ocupadas, parece que ultimamente estão tendo muitas recaídas pela falta de sangue.
            Uma das enfermeiras me faz sentar em uma maca e coloca um termômetro em minha boca, fico encarando a parede esperando o tempo passar.
            -Você não veio se despedir de mim semana passada.- Diz uma voz- Pensei que tinha morrido. Tava comemorando.
            Encaro fixamente Kirstie na maca ao lado, ela está um pouco melhor, o suficiente para começar a me criticar, seu rosto está inchado e roxo em algumas partes, seu braço ainda está na tipoia e ela tem um curativo enorme acima do peito que ainda está sangrando.
            -Você tá ótima!- Digo com o máximo de sarcasmo que consigo, tentando não derrubar o termômetro.
            -Cuidado, Lovato.- Diz ela tentando se levantar, mas faz uma careta de dor e deita novamente.
            Dou uma risadinha provocando-a, olho para o outro lado, tentando não pensar no pesadelo que tive com ela, de como me preocupei com ela.
            A enfermeira de aproxima de mim e arranca o termômetro da minha boca, quase levando meus dentes junto, as pessoas tem sido muito frias comigo ultimamente, me lançando olhares estranhos, como se me culpassem de alguma coisa.
            Eu estava sem febre então ela praticamente me joga pra fora, continuei vagando sem rumo, apenas não ficando parada.
            Já está escuro lá fora, quase no fim das aula e perto da hora do jantar, então vou até a cozinha, não tem mais nada para fazer mesmo, então vou fingir ser útil em alguma coisa pelo menos.
            A cozinha é uma sala quadrada, com azulejos no chão e nas paredes, fornos em uma parede, assim como pias enormes e geladeiras, no centro uma bancada de madeira onde os pratos são preparados.
            A cozinha devia estar vazia, mas não está, então entendo o porquê de eu não poder olhar para trás quando lavo a louça, provavelmente para não ter um ataque de nervos olhando Hannibal preparar a refeição.
            Ele está sem o terno, com as mangas arregaçadas e um colete preto, sua forma, comum e ameaçadora.
            Prendo a respiração, assim como sempre faço quando o encontro, de alguma forma isso me faz sentir transparente, mas ele ainda pode me ver, Hannibal não parece surpreso ao me ver.
            -Jessy me disse que você não é uma boa aluna.- Diz Hannibal cortando alguns legumes.
            -Talvez ela esteja certa.- Ele tem um jeito estranho de farejar o medo, então continuo falando com um tom mais relaxado- Sou desorganizada, nada entra na minha cabeça.
            Ele dá os ombros e continua preparando o jantar, ele me olha algumas vezes, talvez esperando eu me mexer.
            -Você não se importa com esses jovens, não é?- Pergunto.
            -O que te faz pensar assim?- Ele larga a faca e me olha, prestando atenção em mim.
            -Você sabia que Kirstie ia provocar a Jessy.- Não é uma pergunta, Hannibal sabe de tudo o que acontece por aqui.
            -Sabia.- Responde ele com indiferença.
            -VOCÊ PODIA TER IMPEDIDO!- Grito- PODIA TER FEITO ALGUMA COISA!VOCÊ TINHA COMO SABER O QUE IA ACONTECER E TER PARADO JESSY!!!!
            Então minha visão escurece e desabo no chão, ainda consciente, mas o mundo girava rápido de mais.
            Hannibal mal se mexeu, apenas ficou me observando, minha cabeça zumbia, começo a tremer descontroladamente novamente.
            Consigo abraçar meu corpo e me segurar, mas por mais que eu tente me controlar, sozinha eu não consigo, ainda devo estar sobre um fio do efeito do sangue que bebi.
            Me concentro, tentando não ficar relaxada e não tremer, mas é muito fácil e ainda tem Hannibal me olhando, o que me deixa ainda mais nervosa, por fim ele suspira e se aproxima de mim.
            Ele coloca uma mão sobre minha testa, isso era (De uma forma muuuuito estranha) uma forma de proteção, seja lá o que ele fez funcionou, comecei a me acalmar, não fora tão ruim quanto o da semana passada, mas mais assustador.
            Ele me ajuda a levantar, minhas pernas tremem, mas ele me apoia em seus braços fortes.
            Após alguns minutos eu estou melhor, ele me conduz até a bancada, onde continuo a me apoiar, ele volta a cortar os legumes como se não tivesse acontecido nada.
            Não sei dizer exatamente o que sinto, gratidão, medo, raiva, vergonha...
            -Você vai ficar bem.- Diz Hannibal com indiferença- Mas sugiro que treine mais o controle sobre sua energia.
            Essa com toda certeza foi uma experiência assustadora, mas por mais difícil que seja admitir isso, eu realmente preciso de mais controle.
            Começo a chorar baixinho, sem lágrimas, apenas a tristeza saindo de meu corpo, infelizmente isso acaba com todo o meu esforço de tentar me manter firme na frente de Hannibal.
            Então acontece algo sem sentido, Hannibal pega a faca e corta o próprio pulso esquerdo, o sangue escorre aos montes, mas ele nem faz uma careta de dor apenas estende o braço e diz com uma voz inalterada.
            -Beba.
            Perco o controle e agarro seu braço, bebendo o quanto posso de sangue, até me saciar, então me recomponho, mas agora com lágrimas molhando meu rosto coberto de sangue.
            Encolho meus braços e Hannibal me abraça, ele é quente e acolhedor, me acalmando com suaves batidas em meu ombro, me aninhando devagar.
            -Eu sou um monstro.- Digo baixinho, me sentindo culpada.
            -Não...- Diz ele ao meu ouvido- Eu sei como são os monstros. Acredite, você não é.
            O tempo parece não passar, então vejo uma imagem e minha mente, uma memória muito antiga, mas não sei se ela é real.
            Estou em um quarto de criança, deitada em uma pequena cama, uma tempestade é visível pela janela, estou com medo, encolhida em baixo das cobertas, olhando por uma frestinha o quarto escuro sob a noite.
            Meus pais não ouvem meus gritos por causa da tempestade, mas a porta se abre, um homem alto de paletó entra, não o conheço, fecho a fresta pela qual espio e prendo a respiração, talvez ele não perceba que eu estou aqui.
            Mas então ele se aproxima, senta à beirada da cama e descobre minha cabeça, fico assustada com o rosto de Hannibal, eu ainda não o conhecia na época, mas ele parecia triste.
            -Tá tudo bem, Demetria.- Diz ele suavemente com uma voz terna- Pode voltar a dormir, prometo que não vai continuar tendo pesadelos.
            Ele acaricia meus cabelos e então me dá um beijo em minha testa, como um pai faria.
            -Feliz aniversário, criança.-Sussurra ele.
            Me afasto repentinamente de Hannibal, estou de volta à cozinha, ele não parece surpreso, apenas preocupado, seu ferimento no braço continua aberto, mas o sangue jorra devagar.
            Estou tão perturbada, de alguma forma ele desencadeou um memória antiga, eu lembro daquele quarto, era como quando eu tinha uns 6 anos de idade ou menos.
            Me viro e corro para fora, paro em um banheiro e lavo meu rosto até não restar nenhum vestígio de sangue ou de choro.
            Quando saio, muitos adolescentes já estão se encaminhando para o refeitório, em algum momento encontro Lindsey.
            -Tudo bem? Você está meio pálida.- Diz ela preocupada.
            Eu digo que estou bem e mudo de assunto rapidamente, ela nem percebe, então continua falando sobre o treinamento individual, eu terei um preparo físico com Joe e depois técnicas de combate com ela.
            O refeitório é basicamente um salão com uma mesa comprida o suficiente para todos caberem, eu sempre sento com Lindsey ao meu lado, geralmente no meio da mesa, o cardápio de hoje é um peru defumado com molho de frutas vermelhas e legumes cozidos.
            Os legumes parecem pedras quando tento engoli-los, mesmo a refeição estando ótima tenho dificuldade de comer, mas consigo disfarçar bem e Lindsey nem percebe nada.
            De uma forma bizarra, Hannibal tem um lado protetor, mas ainda sim, não existe a menor possibilidade de eu o perdoar pelo que fez comigo...
            Ou teria?

3 comentários:

  1. AInda bem que voce postou.. Perfeição define....to amando ,<3
    Posta logo
    Bjos

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  2. Status: Amando essa fic *-*
    cada vez mais emocionante *-*
    continuaaaaaaaaaaaaaaaaaa
    bjus
    xoxo♥

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  3. WoWowowowow
    Posta logooo
    tá ficando intenso e emocionante
    perfeito de mais
    beijão s2s2

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