quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Shadows - Capítulo 13

            Tenho um estômago fraco.
            O que não ajudou em nada em ver Lindsey vomitar.
            Mas antes disso eu estava ocupada chorando ao lado de seu corpo quebrado, ela estava deitada na cama do hotel, com os braços abertos e tremendo, por causa da dor.
            Hannibal a largou assim, pegou o corpo de Jessy do colo de Joe e foi embora.
            -Lindsey?-Pergunto, mas não tenho resposta- Me responde!Por favor!
            Joe se aproxima com um kit médico, o abre e vasculha um pouco.
            -Tira o colete dela!-Diz ele cortando algumas bandagens- Precisamos fazer alguns curativos.
            Ele não precisa pedir duas vezes, do melhor jeito que posso tiro o colete de Lindsey, mas não sei como tirar a blusa sem machucá-la.
            Joe pega uma tesoura e corta no meio a blusa verde, ele começa a apalpar as costelas dela, mas em vez de encontrá-las, seus dedos afundam levemente, indicando quase todas as costelas quebradas.
            -Como ela está viva ainda?-murmuro.
            -Ela é uma vampira!-diz ele sem olhar para mim- Precisamos enfaixar o tronco dela para evitar que piore, mas...huum...
            Ele aponta para o sutiã dela, ele tem respeito por ela, não vai fazer nada que acabe piorando sua imagem.
            -Eu começo enrolando e depois você continua,ok?
            Ele fica vermelho e vira de costas, nunca imaginei que veria Joe Jonas com vergonha, mas eu continuo focada em ajudar Lindsey.
            A partir daí Joe liderou, ele era realmente bom nisso, fez com calma, depois de uma hora, dos ombros até o umbigo Lindsey era uma múmia.
            -Agora eu vou ter que apertar, ok?- Diz Joe para Lindsey.
            Ela faz que sim, e fecha os olhos com força, Joe puxa as bandagens e prende com um esparadrapo, Lindsey geme alto de dor, ela agarra o edredom da cama.
            Foi então que ela botou pra fora o cereal, por sorte Joe havia colocado um balde do lado da cama, então ela apenas se virou e...bom, eu não vou descrever isso!
            Suor escorria por seu rosto, estava cansada de mais, tinha energia suficiente para dizer três sílabas:
            -Ce...re...al
            Eu rio disso, não tem como não rir, depois de tudo o que passamos, eu me levanto e vou pegar um pouco de cereal, acredito que ela merece, Joe termina de enfaixar seu braço quebrado.
            Eu pego uma tigela e encho com cereal comum, dou uma rápida olhada para trás e meu coração se quebra ao meio, Joe está passando uma pomada cicatrizante no rosto de Lindsey, mas tão lentamente, como se fosse um carinho em sua bochecha rosada.
            Mas então uma raiva sobe em mim, um ódio, ciúmes, enfio algus flocos de cereal na boca para tentar me acalmar, então dou um grito agudo e tapo minha boca com a mão.
            -Demi?O que foi?-Joe corre imediatamente em meu socorro.
            -Meu...dente...-Digo tentando amenizar a dor- Parece que rodos os meus dentes estão moles e doloridos.
            Joe dá uma risadinha de alívio, abre o congelador e pega um cubo de gelo.
            -Põe isso na boca.E não se preocupe, é normal.São seus instintos predatórios por pescoços humanos.-Diz ele calmamente- Seus dentes estão evoluindo para facilitar a sua alimentação quando estiver mordendo alguém.
                                  ~Cinco dias depois~
            Meus dentes caninos cresceram de forma significativa, terminando em pontas afiadas e perigosas, no começo eu me mordia sem querer, mas depois me acostumei.
            Mas ainda estou com tanta dor nos dentes que não consigo mastigar nada muito duro, então faço uma dieta de pudim e sopa, não sou muito boa na cozinha, mas o suficiente para nos manter alimentados.
            Lindsey melhorou bastante, ela consegue andar e respirar, mas ainda está dolorida e precisa de ajuda para tomar banho, MINHA ajuda, não a de Joe.
            Faz cinco dias desde que não saímos do hotel, morrendo de tédio, a única coisa que podemos fazer para nos entreter é assistir a TV russa, Lindsey tem tentado tocar violino, mas isso faz com que seu braço piore, e seu corpo ainda está fraco demais para comer cereal. Lembrete mental: Lindsey entra em abstinência quando está sem o violino ou cereal.
            -Acho que vou dormir.-Anuncia Joe.
            Seus olhos estão com profundas olheiras, ele se recusa a dormir, só tem uma cama, onde Lindsey fica a maior parte do tempo deitada de um dos lados, de noite eu durmo ao lado dela, Joe se recusa a dormir do lado dela, e o sofá é duro.
            Mas ele desistiu, deitou na cama, e puxou as pesadas cobertas até a cabeça, bem nessa hora meus dentes resolvem ter um acesso de dor, vou até o congelador e pego um cubo de gelo, o coloco em minha boa para anestesiar os nervos da boca.
            Mas posso ouvir alguém sussurrando, dou uma rápida olhada em meus amigos e meu coração ferve, Joe e Lindsey estão deitados na cama, com os rostos bem próximos, conversando baixinho, trocando um olhar suspeito e prolongado.
            Solto uma lágrima fina e rebelde, mas logo lembro que tenho que ser forte, tento fazer bastante barulho para anunciar que eu ainda estou ali (e para estragar o clima entre eles), vou indo para o sofá.
            -Eu vou dormir aqui mesmo!- Digo sem olhar para eles- No sofá mesmo!
            Pego uma fina coberta que estava em um canto, deito no sofá e me cubro, de roupa mesmo, o sofá é realmente desconfortável, mas eu não pretendo dormir, apenas espero ouvir alguma conversa entre os dois.
            Depois de algumas horas meus olhos começam a pesar, mas me  mantenho firme, eles ficaram em silêncio, mas eu sei que estão acordados.
            -Acha que ela dormiu?-Pergunta Lindsey.
            -Acho!-Responde Joe com a voz normal- Ela está muito estressada ultimamente, deve ter pego no sono a meia hora atrás.
            -Enfim! Sobre o que você disse antes...
            -O que tem?
            -É isso que realmente sente por mim?
            -Pareço um idiota, né? Por sentir algo assim...
            -Você não parece um idiota, Joe Jonas!- Lindsey tem um tom doce e gentil ao falar isso.
            Como descrever o que sinto? Sabe aquela hora em que você lembra que não fez algo que devia ter feito? Ou quando vê aquele cachorrinho na rua que você não pode ajudar? Ou quando você perde alguém?Esse é o sentimento de um coração partido.
            -O que a Demi vai pensar disso?- Pergunta Lindsey.
            -Acho que ela nem vai se importar...-Joe suspira.
            -Garotos são tão estúpidos...
            -Ei! Eu já sou um homem!- Protesta Joe.
            -Não o suficiente para perceber a verdade. Não está claro o suficiente?
            -O que está tão claro?
            -A Demi gosta de você!
            -Não é verdade! Viu o jeito que ela olhou pra mim todo esse tempo? Como se eu fosse o carrasco dela.
            -Ela culpa todos nós por isso!-Lindsey suspira-Ela não diz, mas eu sei que de certa forma ela me despreza.
            Não é verdade...Eu não desprezo você...
            -Mas eu não posso culpar ela!-Continua Lindsey- Eu não culpo ela!
            -E por que não?
            -Porque...-Ela hesita, mas rapidamente continua- ...eu também culpava você...por ter me levado a Hannibal...
            -Chega...-A voz de Joe falha- Hannibal é um assunto que eu não quero falar...
            -Tudo bem!Mas o assunto Demi nós temos que falar.
            -Não temos o que falar sobre ela!
            -Temos sim!- Lindsey grita, então volta a sussurrar- Pelo fato de você amar ela!
            Então alguém começa a bater com força na porta do quarto, não... pera...é o meu coração. Por que ele está batendo tão forte?
            Joe me ama...Isso me faz sorrir, eu poderia passar a noite inteira terminando de ouvir a conversa entre eles, mas meu animo me faz dormir de cansaço.
            De manhã eu finjo que não ouvi nada.
            -Eu não aguento mais isso!-Diz Lindsey.
            Ela se levanta da cama com uma cara de dor, mas nem liga, pega o violino e vai para a sacada, fecha a porta com força, encarando o frio de uma manhã com neve de São Petersburgo.
            -O que aconteceu?-Pergunto para Joe.
            -Ela cismou que vai conseguir tocar violino agora.- Responde ele, arrumando a cama- Ela nem vai ligar para a dor.
            No mesmo instante o doce som de um violino começa a tocar, eu me sento na cama, de frente para a porta de vidro que mostra a sacada, onde Lindsey está sentada em uma espreguiçadeira, tocando um ritmo lento.
            -My Immortal?-Pergunto.
            -Acho que sim!
            Joe se senta ao meu lado, meu estômago se contorce, nós dois olhamos para a sacada, mas posso perceber certo desconforto entre nós.
            -Você ouviu, não é?- Ele olha para mim com interesse.
            -Ouvi o que?-Pergunto inofensiva- A parte que você me ama?
            Posso jurar que Joe corou, ele baixa os olhos envergonhado.
            -Acho que preciso te explicar, o que eu sinto pela Lindsey!-Diz ele sem me olhar- Eu falei pra ela que sinto ela como se fosse minha amiga, eu estava preocupado que você achasse que era alguma outra coisa...
            Eu o interrompo, coloco minhas mão em seu rosto e faço ele olhar para mim, encaro seus olhos castanhos, cheios de dor, já viram toda crueldade que o mundo oferece, mas ainda são lindos e corajosos.
            -E por que você queria me explicar isso?- Pergunto aproximando o meu rosto do dele.
            -Eu só achei que merecia saber.- Tem algo em sua voz, algo como um nervosismo- Você sabia que o amor é quando você daria sua vida pela pessoa, não aquelas sensações humanas. Eu sei que eu daria minha vida por você. Você daria a sua para mim?
            Ou seja, ele me perguntou se eu amo ele, o que posso responder? Eu já senti tantas emoções misturadas por ele, eu saberia diferenciar uma de outra?
            Mas eu morreria por ele! Eu sei que sim.
            -Joe...-Pronuncio seu nome devagar, aproximando ainda mais meu rosto- Eu...
            Então a porta do quarto abre com força, Hannibal entra com pressa, ele nos encara com reprovação, ele nos ignorou quase a semana inteira, por que aparecer justo agora?
            -O que aconteceu?-Lindsey entra no quarto com uma expressão assustada, então ela vê Hannibal!
            -Eu só achei que gostariam de recebê-la novamente!-Responde Hannibal.
            -Ela?-Pergunto me levantando.
            -Pode entrar!- Hannibal indica para a porta com um sinal para entrar.
            Lindsey, Joe e eu damos sons de surpresa quando uma Jessy pálida entra no quarto.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Shadows - Capítulo 12

Meninas, vão para o último post. O capítulo que está aqui é o 12, e não o 11. O 11 ta no outro post. Leiam lá pra entenderem e desculpem-me pelo erro.

-Eu DETESTO a Rússia!!- Diz Jessy batendo os dentes.

         “Quem mandou não vir bem agasalhada?” me seguro para não jogar na cara dela.
         Eu estou bem quentinha, vestindo uma calça preta, uma bota de couro de cano alto, um sobre-tudo preto de lã e um cachecol bordo, meus cabelos estão soltos, com os fios dourados, e uma maquiagem preta e básica.
         Lindsey também não parece com frio, com uma camiseta fina de manga longa verde-escuro, um colete cinza felpudo com um capuz, uma calça cinza e uma bota de cano curto preta, ela levava o violino e o arco em mãos.
         Caminhamos pelas ruas de São Petersburgo rapidamente, seguimos Joe para uma livraria ou algo do gênero, Joe não nos deu muitos detalhes sobre o nosso destino.
         Estar na Rússia é tão confuso, ouvir tantas pessoas falando uma língua totalmente diferente e estranha para americanos, a maioria são pessoas pequenas e com pele branca, escondidas debaixo de casacos pesados.
         A neve está fora das calçadas e estradas, amontoadas em cantos, uma dessas pilhas de neve escondia em sua sombra uma pequena loja, velha e acabada, estava tudo escrito em russo e uma vitrine mostrava o interior escuro da loja.
         Joe segue calmamente para ela, abre a porta sem hesitar e dá passagem para nós, o interior da loja é empoeirado e cheirava a mofo, mas obviamente era uma livraria, um velinho corcunda chega para nos receber, ela fala alguma coisa em russo.
         -Hannibal Lecter nos mandou!- Diz Joe- Procuramos um livro que ele deixou aqui...
         -Ah...Acho que ele não fala nossa língua.- Digo.
         -Mas eu falo!-Diz uma voz estranha.
         Uma garota aparece do fundo da loja, seu cabelo é castanho e ondulado, ela usa uma roupa preta e moderna, com um salto gigantesco, seus olhos são azuis, seu rosto é gentil, mas esperto, ela parece totalmente diferente da loja em que estamos.
         -E sou eu quem você procura, meu nome é Danielle Campbell.-diz ela- Me acompanhem.
         Ela volta por onde veio, seguimos ela até um cômodo apertado, as quatro paredes formadas por estantes de livros antigos e mofados, a única luz do ambiente é fornecida por uma lâmpada pendurada no centro.
         A garota fecha a porta atrás de nós, então ela começa a procurar algo na estante, até que puxa um livro grosso e o entrega a Joe.
         -Aqui está o que precisa, buscador.- Diz a garota- Mas não pode levá-lo daqui.
         Joe assente e começa a folhea-lo, tudo está escrito em russo, ele suspira e fala para a garota.
         -Ok! Você venceu! Leia para nós.
         Danielle sorri e começa a falar, sem nem olhar para o livro:
         -O nome verdadeiro do livro é “Os segredos da neve”, fala sobre uma força antiga que habitava em flocos de neve, ela era pacífica e muito poderosa, mas essa força começou a ficar irada com o calor humano que fazia a neve derreter e a obrigava a mudar de hospedeiro, a força encontrou outro lugar em que viver, em algo diferente do humano, um garoto, no calor do sentimento de matar humanos e beber sua vida na forma física.
         -Beber sangue...- As palavras voam de minha boca.- O garoto era um vampiro!
         -Exato!- Responde ela- É claro que isso é uma história, mas a força deu ao garoto e a outros como ele a capacidade de controlar algo à sua volta, como uma habilidade vampira adicional.
         Fiquei pensando nos raios na mão de Jessy, na capacidade de controlar os lobos de Kistie e em mim, vendo aquelas coisas quando entro em contato de alguma forma com alguém...
         -Mas essas habilidades só podem ser desenvolvidas, não é?- Questiona Jessy- Não existem pessoas que já nasce assim!
         -Existem sim!- Respondo.
         Todos olham para mim, Lindsey morde o lábio e balança sutilmente a cabeça, me avisando, Danielle me olha com curiosidade, Jessy me encara, mas é Joe que faz a pergunta:
         -Que?
         -Eu só pensei alto.- Me defendo, mas ninguém parece convendo.
         -Ah...Danielle!- Chama Lindsey, tenta desviar a atenção- Huum...Você não é da Rússia, não é? Seu nome...
         -Sim.- Responde Danielle parecendo entusiasmada em mudar de assunto- Eu nasci nos Estados Unidos, fazem mais de cem anos.
         Que??? O mundo começa a girar rápido demais, minha cabeça começa a dar volta, parece que cheguei perto de mais de uma coisa importante, como se fosse mais uma chave para minha memória, seguro minha cabeça entre as mãos.
         -Demi?- Pergunta Joe, me abraçando- O que foi? Hum, os vampiros podem escolher envelhecer ou não, acho que isso foi informação demais para você...
         -Não é isso!- Danielle tem um brilho sombrio nos olhos- Ela está apenas chegando em suas origens.
         Ela me estuda com o olhar por alguns segundos, antes de arregalar os olhos, Danielle parece desesperada e fala sussurrando com urgência:
         -Vocês tem que ir em bora!- Então ela grita- AGORA!
         Somos levados para fora da loja, sem nenhuma explicação, apenas voltamos para a tarde congelante Russa.
         Vamos seguindo, sem um rumo definido, apenas não parando para pensar, Jessy fica o máximo possível longe de mim, mas ao mesmo tempo perto de Joe, porém agora eles não estão mais de mãos dadas, seria um alívio?
         Vamos atravessando uma praça, eu a reconhecia, em nossa língua é chamada de Praça do Palácio, é conhecida assim pelo enorme palácio que define o contorno norte da praça, é do tamanho de uma quadra grande, ela não tem nada de muito especial, é grande, sem árvores, nem grama, apenas enormes azulejos de pedra, com alguns bancos nas laterais da quadra e um obelisco no centro com uma estátua de um homem em cima.
         Como havia parado de nevar, alguns homens haviam retirado a neve de toda a praça, de forma que estava impecavelmente limpa, estava quase vazia, exceto por alguns turistas que fotografavam o palácio.
         Eu vou seguindo na frente do grupo, com Lindsey um pouco atrás e os grudes indo mais atrás, não quero que eles fiquem me olhando, principalmente Lindsey.
         Demoro para perceber que os passos atrás de mim pararam, me viro e vejo o motivo, Jessy está a dez metros de distância de Joe, ela simplesmente parou, olhando para o chão e com pulsos cerrados, aposto que estava tremendo, mas não de frio.
         -Por que?- Diz ela baixinho- Por que você apareceu, Demetria?
         Joe se aproxima dela, segura seu rosto entre as mãos, como se ela estivesse doente ou algo do tipo, ele olha para mim sem entender, mas Jessy percebe seu olhar e sua fúria é visível, ela estende a mão e sou atingida por um raio azulado.
         Caio no chão, fumegando, minha visão parece um caleidoscópio, mas posso distinguir Lindsey e Joe vindo ao meu socorro, eles ficam me perguntado se estou bem, mas não consigo responder, Lindsey olha em meus olhos e percebo o que ela vai fazer, mas eu não tenho com impedi-la.
         Joe continua me atendendo quando Lindsey se levanta e encara Jessy, ela prende seu violino nas costas com um cinto que atravessava seu peito que eu nem reparara que estava ali, ela segura o arco na mão direita e ataca Jessy.
         Obviamente Lindsey previu o ataque de Jessy, pois dá um salto e desvia facilmente dos raios lançados, então chega perto o suficiente de para começa o embate corpo a corpo, ela brande seu arco rapidamente e Jessy ganha um enorme corte no rosto.
         Elas lutam muito, ou talvez tenha sido pouco, é difícil dizer quando você está sentindo o próprio cheiro de carne queimada, Joe nem olha as duas, apenas fica verificando minha pulsação ou se eu ainda estou respirando.
         Jessy está com vários cortes pelo corpo e tem um olho roxo, Lindsey parece bem, mas começando a ficar cansada, até que tenta dar um soco no rosto de Jessy, mas ela desvia a cabeça e agarra o braço de Lindsey, dá um golpe de Judô e a joga no chão, imobilizado seus braços de barriga para cima.
         Dou um grito em alerta, mas é tarde, Jessy baixa o cotovelo no meio da clavícula de Lindsey, que fica sem ar, depois em alguma constela, então levanta o braço esquerdo de Lindsey e bate com força em seu braço, o som de osso de quebrando ecoa pela praça, depois um grito agonizante de dor.
         Joe percebe que a prioridade não sou eu e corre em direção a elas, eu continuo caída no chão frio da praça, observando Joe segurar os pulsos de Jessy e puxá-la para longe do corpo praticamente inerte de Lindsey.
         Eles ficam de pé, um de frente para o outro, Joe levanta a mão cerrada para socar Jessy, mas sua mão relaxa, seu rosto tem uma expressão estranha, surpresa? Preocupação? Medo? Incapacidade?
         Mas Jessy não tem misericórdia, ela se livra dele com um empurrão, Joe cai no chão frágil, por que não conseguiu atacar ela?
         Jessy se encaminha para mim, como já estou deitada ela simplesmente sobe em cima de mim, tento me livrar, mas estou zonza e ela segura minhas mãos me prendendo contra o chão.
         -Por que?- Pergunto.
         -Estava tudo tão perfeito, sem você por perto.- Percebo lágrimas caindo de seu rosto- Eu e Joe éramos unidos, invencíveis, mas graças a você...
         -Eu não escolhi isso!- Respondo com ódio- Você tirou minha vida, me levou para Hannibal, como se fosse minha amiga, você me trouxe para perto!!
         -Você não entende...- Sua voz fraquejou- Mas isso não importa, eu vou matar você, e Joe vai voltar a me amar.
         -JESSY!!PARA!!!- Joe grita.
         -Joe...- Jessy e eu sussurramos juntas.
         -Eu te amo, Jessy.- Diz ele com sinceridade- Mas não desse jeito. Desde que Hannibal me mandou buscar você do orfanato, ele já havia me avisado que ele iria te transformar, desde que eu te vi, uma garotinha de oito anos, eu me apaixonei por você, mas...
         -Pare...não...- Jessy balança a cabeça.
         -Mas como minha irmã...- Diz Joe finalmente- Desde que nos conhecemos, você foi apenas minha irmã mais nova, nada mais.
         -Nããããooo!!- Jessy grita.
         Ela levanta uma das mãos, raios negros circulavam nele, iam direto para mim, mas uma sombra aparece atrás dela, passa as mãos em volta de seu queixo e com um movimento único quebra seu pescoço.
         Jessy cai sobre mim, eu empurro seu corpo para o lado e vejo Hannibal sobre mim, ele oferece a mão, mas eu recuso, ele anda normalmente até Lindsey e a pega no colo, ela dá um gemido de dor, mas está viva.
         Joe vem até Jessy, com lágrimas nos olhos faz o mesmo movimente e endireita seu pescoço, ele a pega nos braços, eu faço um esforço imenso para ficar de pé e vou caminhando como uma drogada atrás de Hannibal em direção ao hotel.

         Fingindo que estava tudo bem...

domingo, 18 de agosto de 2013

Shadows - Capítulo 11

Gente, eu cometi um erro. Esse sim é o capítulo 11. Por favor, leiam ele e depois releiam o 12, dae vão entender melhor, hehe. Gomen pelo erro ^^

-Anda logo, Demi!- Grita Joe da porta.
         -Deixa ela em paz, Joe!- Grita Jessy para ele.
         Mas ela não parece muito satisfeita também, ela está com um short curto em cima de uma meia-calça de lã, um casaco liso, um cachecol bege extremamente longo e uma pequena bota, não sei como ela não está congelando.
         Ela e Joe estão encostados na porta de entrada, os dois com suas bagagens no chão e de braços cruzados, eles são muito parecidos, fico me perguntado qual o grau de proximidade deles, mas logo tiro esse ciúme ridículo da cabeça.
         Joe veste um casaco longo sobre as mesmas roupas de sempre, quando chego perto ele revira os olhos e vai em direção ao carro preto com janelas escuras que nos espera.
         Eu carrego apenas uma mala média, não levo muita coisa, só o básico, roupas, o estojo que Jessy me deu e um livro de Hannibal.
         Passo por Jessy e vou indo em direção ao carro, mas no meio do caminho, alguém grita meu nome.
         -Me espera!!- Grita Lindsey.
         Ela carrega uma enorme mochila e seu violino na caixa, correndo em minha direção, mas é parada por Jessy na porta.
         -Aonde você pensa que vai, Stirling?- Pergunta Jessy de forma intimidadora.
         -Na missão com vocês, Scram.- Responde ela sem se importar com a cara feia de Jessy (Os sobrenomes delas são estranhos...).
         -Você não foi escalada para essa missão!
         -Mas eu fiz parte do treino de Demi.- Responde Lindsey com confiança- Vou junto para acompanhar o resultado.
         Jessy bufou e foi se arrastando até o carro, Lindsey dá uma piscada para mim e eu sussurro um agradecimento, não consigo me imaginar sozinha com Joe e Jessy.
         Joe dirigia com calma pelas estradas,com Jessy de carona, Lindsey e eu no banco de trás, uma hora depois chegamos a New York, fecho os olhos e não olho para as pessoas mendigando nas ruas ou as famílias sorridentes indo para o parque, só abro os olhos quando Lindsey toca meu ombro avisando que chegamos.
         Descemos do carro em um aeroporto, as pessoas circulam feito loucas, correndo de um lado para o outro, sou jogada no chão por uma senhora obesa que corria para abraçar os netos que esperavam ela chegar de viagem.
         Joe nos conduz até um balcão, onde entrega documentos falsos, o homem do outro lado do balcão carimba os passaportes e entrega as passagens e os documentos a Joe, sem nem perguntar para onde íamos.
         Era um jatinho particular, razoavelmente grande, com quatro confortáveis poltronas viradas umas para outras em dois lados de uma mesa, algumas outra poltronas em lados opostos do avião como normalmente é, alguns armário e um banheiro.
         Lindsey vai chegar o conteúdo dos armários, Joe se joga no sofá esparramado e fecha os olhos, e Jessy se joga ao lado de Joe, deita sua cabeça em seu peito e abraçando sua cintura, ele a olha surpreso, mas retribui seu abraço e descansando sua cabeça na dela.
         Essa imagem me perturba um pouco, não entendo o motivo, já que eu jurei a mim mesma que iria odiar Joe, faço o possível para ignorar os dois, me sento na mesa, Lindsey aparece para afasta meu mal-humor, jogando diversas mini-caixas de diferentes tipos de cereais, junto com tigelas enormes e colheres.
         Em quanto experimentamos um cereal de chocolate e aveia, Lindsey se senta do outro lado da mesa com um violino preto e liso, ela começa a tocar uma melodia inconfundível.
         -Missão Impossível?- Digo com a boca cheia de cereal.
         Ela assente e começamos a rir como loucas, um pouco alto de mais, mas não deu para segurar, eu estava tão tensa...
         Depois de um tempo, Jessy e Joe se juntam à nós, eles dividem uma caixinha de cereal com pedaços de pêssegos ressecados.
         Jessy ergue a mão e fica olhando para ela, então do nada, pequenos raios de eletricidade começam a passar entre seus dedos, ela não pareceu sentir nada, apenas parece entediada.
         Joe percebe minha surpresa e dá um risinho:
         -Impressionada, Demi?
         -Alguns vampiros conseguem desenvolver habilidades anormais.- Diz Jessy ainda olhando para a mão- Eu levei anos para conseguir isso, não fique chateada se NUNCA conseguir algo assim.
         Lindsey dá um pequeno gemido, reprimindo um riso, ou um aviso, me dizendo para não falar nada, que talvez não fosse uma boa ideia contar para eles agora.
         -O que foi, Stirling?- Pergunta Jessy com desprezo- Está engasgada com a sua vergonha de não ter conseguido desenvolver uma habilidade dessas?
         Elas se encaram de forma mortal por alguns segundos, até que Jessy se levanta e vai para o banheiro.
         Horas depois chegamos à Rússia, desejei ter levado mais casacos, foi uma péssima forma de descobrir que o inverno Russo é o mais rigoroso de todos, estávamos no começo de dezembro e o inverno estava ao seu máximo.
         Mas o pior foi com toda certeza a presença que nos esperava no aeroporto, vestido com um casaco longo de lã marrom avermelhado, com luvas negras e os cabelos cor de areia penteados.
         -Sejam bem vindos à São Petersburgo!- Diz ele com os braços estendidos.
         Essas semanas sem Hannibal haviam sido tão agradáveis, eu mal olho para ele, apenas agradeço baixinho quando ele se oferece para por minha bagagem no porta-malas de uma limusine negra.
         Todos entram na limusine em silêncio, Hannibal dirige calmamente pela cidade, admito que fiquei admirada, muitos professores de História acabam fazendo a caveira desse país por causa das guerras e revoltas.
         Os prédios são baixos e bem separados, em um bairro, muitos ficam perto de um rio, como em Veneza, a cidade é muito bela e organizada, mas passa em um piscar dos olhos, o hotel em que vamos ficar é bem perto do aeroporto.
         A recepção do hotel deixa claro que é de primeira classe, com lustres de cristais, mobílias elaboradas e papeis de parede vermelhos e douradas, pessoas com pesadas peles desfilavam pelo saguão de entrada.
         Somos levados diretamente para um elevador junto com nossas malas, eu faço questão de ficar no lado oposto ao de Hannibal, com Lindsey perto de mim, seguimos até o 56º andar, que dá para um corredor longo cheio de portas, Hannibal nos leva até um dos quartos e com um cartão abre a porta.
         O quarto é simplesmente incrível, com três ambientes sem separação, o da esquerda é tem uma cama de casal imensa e uma porta dupla de vidro que leva à uma sacada, o ambiente do centro é por onde se entra, com uma porta que eleva ao banheiro e uma pequena (E sofisticada) cozinha, com equipamentos dignos de um chefe de cozinha famoso.
         O terceiro é uma sala agradável, com três sofás aconchegantes virados para uma televisão de tela plana que podia deixar um cinema no chinelo.
         Todos, exceto Hannibal, estão muito apreensivos, Joe pega a mão de Jessy, ela olha para ele e agradece com um sorriso (Que vontade de saber dar uma voadora...)
         Lindsey finalmente se mexe, indo até os armários da cozinha, remexendo e então levanta triunfante uma caixa de cereal sabor abacate e mel, eu não pude deixar de rir, me junto à ela.
         Jessy revira os olhos como se fossemos retardadas, Joe e Hannibal dão pequenos risinhos, entrando na brincadeira (Um pouco).
         Hannibal sussurra algo no ouvido de Joe e entrega para ele um envelope laranja enorme, depois sai sem se despedir, o que pra mim não fez diferença, Joe pega sua mala e senta na cama.
         -O que é aquilo?- Pergunto baixinho para Lindsey.
         -O Envelope?- Reponde ela com um floco no queixo- É a missão, tudo o que precisamos saber sobre ela está lá.
         -Então Hannibal não vai fazer parte disso.- Suspiro aliviada- Mas por que será que ele está aqui?
         Ela dá os ombros e ataca novamente o cereal, Jessy começa a andar de um lado para o outro, inquieta, Joe fica olhando o conteúdo do envelope esparramado na cama.
         -Quem era aquele com a Kirstie outro dia?-Pergunto tentando aliviar a tensão.
         -O Avi?Avi Kaplan?- Lindsey pergunta de boa cheia- Eles eram amigos grudados, até que ele saiu em uma missão, bem na época em que você chegou, então ela ficou meio agressiva...
         -Ela até se ofereceu para ser o seu desafio na sua iniciação.- Jessy aparece do nosso lado, parece que cansou de fica andando.
         -Mas quando ele voltou,- Continua Lindsey- Ele pediu ela em namoro, você já viu o resto, mas não pense que ela vai ficar mais boazinha, Ali é gente boa, mas não é capaz de segurar Kistie.
         -Como você consegue comer isso, Stirling?- Pergunta Jessy com uma cara de nojo para o cereal de abacate.
         -Com a boca, Scrham.- Lindsey pega a tigela e vai se sentar na sala.
         Alguns segundos tensos se passam entre mim e Jessy, eu finjo não perceber seu olhar pesado em mim, mas por sorte, bem na hora em que ela ia falar algo Joe vem até nós.
         -Espero que estejam animadas, meninas. Porque nossa missão vai começar agora.
    

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Shadows - Capítulo 10

Oi oi gente! Mil desculpas não ter postado. Não to conseuindo ligar o computador grande daqui de casa e com ele desligado a net do note fica ruim,mas finalmente cosegui abrir o blogger direito!!!! (Aleluia!!!!)
Aqui vai mais um capítulo...

Capítulo 10...

         Se eu esperava que fosse bom estar ao lado de Joe, eu estava enganada!!
         Foi pior do que com a Jessy, Joe leva muito a sério a preparação física.
         Para ele é fácil correr alguns quilômetros em volta da mansão, ou erguer vários quilos de peso de uma só vez, ou fazer 50 flexões seguidas.
         Na semana de sofrimento físico que se passou, nós não conversamos muito, os únicos sons que podem ser ouvidos eram a contagem de Joe, meu corpo estralando e meus gemidos de dor.
         No último dia, depois de um treinamento mais do que cansativo, ele me dispensa com um aceno, de uma forma muito ignorante.
         Estou furiosa, com raiva de mim mesma por ter ficado tão mole perto de Joe, ele nem demonstrou nada perto de mim, admito que fiquei um pouco decepcionada...
         Ainda está anoitecendo, todos estão tendo aulas, mas desta vez, ir para a cozinha não é uma opção e depois de meu último encontro nada agradável da última semana estou desencorajada a explorar a mansão, a única alternativa para mim é voltar ao meu quarto.
         E assim eu faço, eu não mudei muita coisa em meu quarto, apenas coloquei a cômoda no lugar do sofá preto e o sofá na parede oposta à cama, me pareceu mais agradável assim.
         Vou até o banheiro e ligo a banheira, em quanto ela enche tiro minhas roupas, me olho no espelho, essa semana de treinamento deu um belo resultado, estou em boa forma, não magra de mais, minhas costelas estão mais tênues, a cor voltou a minha pele.
         Lindsey me contou um dia, que depois que um vampiro bebe todo o seu sangue, seu corpo volta a produzir sangue, não o mesmo sangue humano, mas não satisfaz tanto um vampiro quanto o dos humanos.
         E fora a minha abstinência por sangue, ser um vampiro é basicamente ser a forma perfeita do ser humano, somos esbeltos, bonitos, em forma, atraentes.
         Entro na banheira com um suspiro, o ar é tão gelado, mas isso não me afeta, posso congelar que não vou morrer.
         É relaxante sentir o suave perfume dos sais de banho e a água quente, acabo caindo no sono, com rápidas repetições da visão que tive, de Hannibal me visitando...
         Corpos mutilados estão aos meus pés, estou de volta à floresta petrificada de meu pesadelo, cenas horríveis de sofrimento ficam passando diante de meus olhos...
         -Demi!Demi!!!!
         -AHHHHH!!!
         Acordo assustada, em quanto dormia eu escorreguei para dentro d’água, por ser vampira não morri, mas isso não me impede de entrar em desespero.
         Pulo para fora da banheira, cuspindo água e tremendo, alguém joga uma toalha sobre meus ombros, demoro algum tempo até conseguir ver Lindsey.
         Ela está com uma cara de espanto, ela me ajuda a me levantar e me secar da melhor maneira que conseguimos, ela fica me perguntando no que eu estava pensando e coisas do tipo.
         Ela me ajuda a vestir um pijama e me leva de volta ao quarto, onde me deita na cama, ela senta do outro lado, secando meu cabelo com uma toalha.
         Então percebo uma bandeja de prata no sofá, está com frutas, algumas fatias de peito de peru e queijo, Lindsey se levanta e traz a bandeja para a cama, colocando entre nós.
         Tento não parecer esganada, mas vou comendo o peito de peru aos montes.
         -Você não foi jantar, então pensei que estivesse com fome.- Diz ela atacando uma maçã- E também não comi, tava na cozinha preparando isso junto com o Hannibal.
         A fatia de peito de peru parece endurecer em minha garganta, não querendo descer, mas Linsdey repara no meu desconforto e coloca a mão no meu ombro.
         -Sei que você não gosta dele, Demi, mas um dia eu acho que você vai ver que ele fez o que era melhor para nós.
         Terminamos a refeição em silêncio, me espreguiço deixo a bandeja no chão, deito do lado direito da cama de casal e me espreguiço debaixo das cobertas.
         -Pode ficar comigo hoje?- Pergunto baixinho.
         Lindsey acena com a cabeça e deita do outro lado da cama, nos viramos, olhando uma para a outra, sem falar nada, apenas olhando uma nos olhos da outra.
         -No que você estava pensando?- Pergunta ela- Quando estava debaixo d’água?
         -Eu estava apenas lembrando de uma coisa- Respondo.
         Então conto a ela sobre meu encontro com Hannibal na cozinha, sobre o que ele disse, sobre o sangue e sobre a estranha visão que tive ao ele me abraçar, ela fim em silêncio, me ouvindo atentamente, quando eu termino ela fica pensativa até que fala:
         -A mente de um vampiro é diferente de um humano. Nossas memórias são como caixas-cofres, guardando informações até de quando somos bebês e ao contrário dos humanos, nó só aumentamos nossas memórias, tornando praticamente impossível esquecermos de algo, mas algumas dessas caixas-cofres estão lacradas e precisam de chaves para serem abertas.
         -Como conseguimos essas chaves?- Pergunto interessada.
         -Depende muito.- Responde Lindsey dando os ombros- Algumas vezes acontecem algo, uma ação ou uma conversa talvez, servem como chaves para certas memórias, algumas são fáceis de conseguir, outras nem tanto.- Ela me olha nos olhos- Mas parece que quando Hannibal te abraçou, liberou uma dessas chaves, o que indica que vocês tem uma relação profunda...
         O assunto morre ai, ela continuo pensativa, mas eu fico um pouco tensa, até que ela arregala os olhos, como se tivesse acabado de ter uma ideia, ela estende sua mão esquerda entre nós duas, deixando a palma virada para mim.
         -Demi, me dê sua mão.- Diz ela meio entusiasmada.
         Eu estendo minha mão e encosto igualmente na dela, quando nossas mãos se chocam, sinto uma pressão em meu coração, fazendo ele disparar.
         Pude sentir tudo o que Lindsey sentia, seus pés estavam frios, ela estava com sono, eu podia sentir o sangue de vampiro circulando em suas veias em direção ao coração, eu podia sentir até as sinapses de seu cérebro, então eu podia ver tudo, seus pensamentos, lembranças e sentimentos.
         Eu pude ver uma garotinha loira fantasiada de abelha, rindo e correndo em volta de uma piscina de plástico em um quintal verde.
         Então a mesma garotinha, ela parecia alguns anos mais velha, os cabelos estavam mais escuros, os enormes olhos cinzas brilhavam quando ela observava seu pai lhe entregar um pequeno violino.
         Afastei minha mão de Lindsey, com um só toque eu pude sentir e ver tudo o que ela é, eu aposto que se eu tivesse continuado eu poderia ter visto mais, mas para mim foi o suficiente.
         -Isso é um dom incrível, Demi.- Lindsey dá um risinho.
         Então ela se vira na cama e em poucos minutos sua respiração se torna pesada e ela adormece.
         No dia seguinte começa minha semana com de treinamento com Lindsey, comparado com as outra semanas, essa foi como um descanso, Lindsey é rigorosa, mas é brincalhona.
         Durante a semana eu aprendo diversos estilos de lutas, o básico de todas, mas me sinto preparada para qualquer desafio que aparecer por ai, ela me ajudou a desenvolver minha flexibilidade, me ensinou algumas danças também, ela disse que ajuda na liberdade dos movimentos.
         Porém, no fim da semana, sábado a noite, eu me sentia muito bem, mas apreensiva, pois ficava lembrando que agora que terminei o treinamento Hannibal vai me passar uma missão, então fico apenas esperando sua chegada.
         Lindsey e eu ficamos em uma sala de estar, em um dos sofás em frente à enorme lareira acesa, todas as outras luzes estão apagadas, hoje foi como um dia de folga para começar a preparar a mansão para o natal.
         É estranho como eu não marquei o tempo, então é compreensível que eu não tenha percebido um feriado tão importante, a neve caía grossa lá fora, mas eu estava de certa forma protegida dela, esquentando minhas mãos em uma caneca com chocolate quente.
         Atrás de mim, algumas pessoas enfeitavam uma enorme árvore de natal, algumas penduravam visgos nas janelas e coisas do tipo, o natal fazia parecer que somos jovens humanos ainda, felizes e cheios de energia...
         Mas a coisa mais chamativa e bizarra da sala era um casal, jogado em um dos sofás, de mãos dadas, sorrindo e se beijando, a garota era Kirstie, o homem não parecia ser muito mais velho do que ela, mas usava uma barba curta, seus cabelos castanhos e compridos estavam escondidos em uma toca.
         Lindsey e eu riamos em silêncio, isso era mesmo engraçado, Kirstie era a última pessoa que eu imaginaria que conseguiria um namorado, principalmente um bonito como esse, será que eu estou com inveja?
         Mal percebo Joe chegar na sala, eu estava brava com ele, por ele ter sido tão seco comigo, mas duvido que ele se importe com isso, ele fica em pé na minha frente.
         -Você vai conosco na próxima missão!- Diz ele sem nenhuma emoção- Você, sem sua amiguinha.
         Lindsey começa a falar algo, mas eu a interrompo antes de ela falar besteira.
         -E para onde vamos?- Pergunto meio sem jeito.
         -Leve um casaco!- Joe me olha de um jeito perverso- Vamos para a Russia.