terça-feira, 30 de julho de 2013

Shadows - Capítulo 9


            -Errado, Demi!- Gritou Jessy mais uma vez- A resposta certa é :Carlos Magno! Preste mais a atenção!
            Não suporto mais ela me criticando e gritando comigo, mas finalmente esse é o último dia que tenho que treinar com ela.
            Nos últimos sete dias, ela tem me ensinado História, Latim, Matemática, boas maneiras e moda, algumas coisas foram interessantes, como o fato de Sócrates ter sido um vampiro, mas a maior parte foi entediante.
            -Fiz o que pode.- Diz ela com tom de reprovação- Agora vai aprender por conta própria.
            Me levando da cadeira da biblioteca (Da gigantesca biblioteca) e vou saindo sem maiores delongas, ultimamente ela tem ficado muito ignorante comigo, falando de forma fria e me olhando como se eu fosse patética, mas eu simplesmente a ignoro.
            Minhas juntas vão estralando conforme vou passando pelos corredores vazios, todos estão agora tendo aulas, então estou sozinha, minha única distração seria ficar na biblioteca, mas a ideia de ficar perto de Jessy...
            Lindsey também está na aula, Joe está no treinamento (Eu meio que sem querer decorei o horário dele) e ficar presa em meu quarto me faz sentir sufocada, então decido dar uma passadinha na enfermaria, não é um lugar muito agradável, mas pediram para que eu voltasse lá para ver se estou melhor depois do meu pequeno episódio da semana passada.
            Algumas pessoas que demonstram talentos em medicina são liberadas de suas tarefas e ficam o tempo todo de prontidão, o lugar está razoavelmente cheio, 30% das macas estão ocupadas, parece que ultimamente estão tendo muitas recaídas pela falta de sangue.
            Uma das enfermeiras me faz sentar em uma maca e coloca um termômetro em minha boca, fico encarando a parede esperando o tempo passar.
            -Você não veio se despedir de mim semana passada.- Diz uma voz- Pensei que tinha morrido. Tava comemorando.
            Encaro fixamente Kirstie na maca ao lado, ela está um pouco melhor, o suficiente para começar a me criticar, seu rosto está inchado e roxo em algumas partes, seu braço ainda está na tipoia e ela tem um curativo enorme acima do peito que ainda está sangrando.
            -Você tá ótima!- Digo com o máximo de sarcasmo que consigo, tentando não derrubar o termômetro.
            -Cuidado, Lovato.- Diz ela tentando se levantar, mas faz uma careta de dor e deita novamente.
            Dou uma risadinha provocando-a, olho para o outro lado, tentando não pensar no pesadelo que tive com ela, de como me preocupei com ela.
            A enfermeira de aproxima de mim e arranca o termômetro da minha boca, quase levando meus dentes junto, as pessoas tem sido muito frias comigo ultimamente, me lançando olhares estranhos, como se me culpassem de alguma coisa.
            Eu estava sem febre então ela praticamente me joga pra fora, continuei vagando sem rumo, apenas não ficando parada.
            Já está escuro lá fora, quase no fim das aula e perto da hora do jantar, então vou até a cozinha, não tem mais nada para fazer mesmo, então vou fingir ser útil em alguma coisa pelo menos.
            A cozinha é uma sala quadrada, com azulejos no chão e nas paredes, fornos em uma parede, assim como pias enormes e geladeiras, no centro uma bancada de madeira onde os pratos são preparados.
            A cozinha devia estar vazia, mas não está, então entendo o porquê de eu não poder olhar para trás quando lavo a louça, provavelmente para não ter um ataque de nervos olhando Hannibal preparar a refeição.
            Ele está sem o terno, com as mangas arregaçadas e um colete preto, sua forma, comum e ameaçadora.
            Prendo a respiração, assim como sempre faço quando o encontro, de alguma forma isso me faz sentir transparente, mas ele ainda pode me ver, Hannibal não parece surpreso ao me ver.
            -Jessy me disse que você não é uma boa aluna.- Diz Hannibal cortando alguns legumes.
            -Talvez ela esteja certa.- Ele tem um jeito estranho de farejar o medo, então continuo falando com um tom mais relaxado- Sou desorganizada, nada entra na minha cabeça.
            Ele dá os ombros e continua preparando o jantar, ele me olha algumas vezes, talvez esperando eu me mexer.
            -Você não se importa com esses jovens, não é?- Pergunto.
            -O que te faz pensar assim?- Ele larga a faca e me olha, prestando atenção em mim.
            -Você sabia que Kirstie ia provocar a Jessy.- Não é uma pergunta, Hannibal sabe de tudo o que acontece por aqui.
            -Sabia.- Responde ele com indiferença.
            -VOCÊ PODIA TER IMPEDIDO!- Grito- PODIA TER FEITO ALGUMA COISA!VOCÊ TINHA COMO SABER O QUE IA ACONTECER E TER PARADO JESSY!!!!
            Então minha visão escurece e desabo no chão, ainda consciente, mas o mundo girava rápido de mais.
            Hannibal mal se mexeu, apenas ficou me observando, minha cabeça zumbia, começo a tremer descontroladamente novamente.
            Consigo abraçar meu corpo e me segurar, mas por mais que eu tente me controlar, sozinha eu não consigo, ainda devo estar sobre um fio do efeito do sangue que bebi.
            Me concentro, tentando não ficar relaxada e não tremer, mas é muito fácil e ainda tem Hannibal me olhando, o que me deixa ainda mais nervosa, por fim ele suspira e se aproxima de mim.
            Ele coloca uma mão sobre minha testa, isso era (De uma forma muuuuito estranha) uma forma de proteção, seja lá o que ele fez funcionou, comecei a me acalmar, não fora tão ruim quanto o da semana passada, mas mais assustador.
            Ele me ajuda a levantar, minhas pernas tremem, mas ele me apoia em seus braços fortes.
            Após alguns minutos eu estou melhor, ele me conduz até a bancada, onde continuo a me apoiar, ele volta a cortar os legumes como se não tivesse acontecido nada.
            Não sei dizer exatamente o que sinto, gratidão, medo, raiva, vergonha...
            -Você vai ficar bem.- Diz Hannibal com indiferença- Mas sugiro que treine mais o controle sobre sua energia.
            Essa com toda certeza foi uma experiência assustadora, mas por mais difícil que seja admitir isso, eu realmente preciso de mais controle.
            Começo a chorar baixinho, sem lágrimas, apenas a tristeza saindo de meu corpo, infelizmente isso acaba com todo o meu esforço de tentar me manter firme na frente de Hannibal.
            Então acontece algo sem sentido, Hannibal pega a faca e corta o próprio pulso esquerdo, o sangue escorre aos montes, mas ele nem faz uma careta de dor apenas estende o braço e diz com uma voz inalterada.
            -Beba.
            Perco o controle e agarro seu braço, bebendo o quanto posso de sangue, até me saciar, então me recomponho, mas agora com lágrimas molhando meu rosto coberto de sangue.
            Encolho meus braços e Hannibal me abraça, ele é quente e acolhedor, me acalmando com suaves batidas em meu ombro, me aninhando devagar.
            -Eu sou um monstro.- Digo baixinho, me sentindo culpada.
            -Não...- Diz ele ao meu ouvido- Eu sei como são os monstros. Acredite, você não é.
            O tempo parece não passar, então vejo uma imagem e minha mente, uma memória muito antiga, mas não sei se ela é real.
            Estou em um quarto de criança, deitada em uma pequena cama, uma tempestade é visível pela janela, estou com medo, encolhida em baixo das cobertas, olhando por uma frestinha o quarto escuro sob a noite.
            Meus pais não ouvem meus gritos por causa da tempestade, mas a porta se abre, um homem alto de paletó entra, não o conheço, fecho a fresta pela qual espio e prendo a respiração, talvez ele não perceba que eu estou aqui.
            Mas então ele se aproxima, senta à beirada da cama e descobre minha cabeça, fico assustada com o rosto de Hannibal, eu ainda não o conhecia na época, mas ele parecia triste.
            -Tá tudo bem, Demetria.- Diz ele suavemente com uma voz terna- Pode voltar a dormir, prometo que não vai continuar tendo pesadelos.
            Ele acaricia meus cabelos e então me dá um beijo em minha testa, como um pai faria.
            -Feliz aniversário, criança.-Sussurra ele.
            Me afasto repentinamente de Hannibal, estou de volta à cozinha, ele não parece surpreso, apenas preocupado, seu ferimento no braço continua aberto, mas o sangue jorra devagar.
            Estou tão perturbada, de alguma forma ele desencadeou um memória antiga, eu lembro daquele quarto, era como quando eu tinha uns 6 anos de idade ou menos.
            Me viro e corro para fora, paro em um banheiro e lavo meu rosto até não restar nenhum vestígio de sangue ou de choro.
            Quando saio, muitos adolescentes já estão se encaminhando para o refeitório, em algum momento encontro Lindsey.
            -Tudo bem? Você está meio pálida.- Diz ela preocupada.
            Eu digo que estou bem e mudo de assunto rapidamente, ela nem percebe, então continua falando sobre o treinamento individual, eu terei um preparo físico com Joe e depois técnicas de combate com ela.
            O refeitório é basicamente um salão com uma mesa comprida o suficiente para todos caberem, eu sempre sento com Lindsey ao meu lado, geralmente no meio da mesa, o cardápio de hoje é um peru defumado com molho de frutas vermelhas e legumes cozidos.
            Os legumes parecem pedras quando tento engoli-los, mesmo a refeição estando ótima tenho dificuldade de comer, mas consigo disfarçar bem e Lindsey nem percebe nada.
            De uma forma bizarra, Hannibal tem um lado protetor, mas ainda sim, não existe a menor possibilidade de eu o perdoar pelo que fez comigo...
            Ou teria?

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Shadows - Capítulo 8

Gentem só explicando... Kirstie = Dallas. A escritora resolveu mudar ^^ Ah, resposta dos coments estão no capítulo anterior ><'

...


         Perto da janela, em pé está Joe, observando a lua através da janela.
         -O que faz aqui?- Pergunto acendendo a luz de um abajur ao lado da cama.
         -Geralmente não faço nada, só fico te olhando. - Ele se senta no sofá negro ao lado da cama- Mas hoje vim fazer uma entrega.
         Ele tira do bolso do casaco um estojo, quando o abre vejo que está cheio de cosméticos e maquiagens.
         -Jessy me pediu para entregar isto à você.- Diz ele rindo- Nós, vampiros, prezamos muito a aparência e ela achou você meio pálida.
         -Mas...Eu a vi assim hoje, ela estava com uma aparência horrível.
         -Você já se olhou no espelho hoje?- Joe começa a rir de forma mais intensa, de um jeito quase maligno.
         Me levanto rapidamente, ignorando o frio, corro até o banheiro, o espelho fica acima da pia que fica em frente à porta, então quando entro dou de cara com o meu reflexo.
         Posso me ver, branca como um cadáver e com profundas olheiras, dormir de dia não é tão fácil de se acostumar.
         Joe se aproxima e encosta na porta, observando meu espanto, ele estende sua mão e acaricia os fios dourados em meu cabelo.
         Então ele segura meus ombro e me vira bruscamente para olhá-lo.
         -Para com isso, Demi!
         -Parar com o que?- Pergunto meio nervosa pela nossa proximidade.
         -Para de ficar se torturando!- Grita ele- Pare de ter pena de si mesma, isso é ridículo.
         -Mas sou tão fraca...- Sussurro tentando conter lágrimas- Sou tão covarde, não consigo nem gritar com você...
         A expressão de Joe suaviza um pouco, ele me solta e se encosta de novo na porta, então passa a mão sobre o rosto.
         -Que criancice!- Diz ele para si mesmo de olhos fechados- Discutir com você é ridículo. Talvez você seja fraca mesmo.
         Eu podia simplesmente ignorá-lo e voltar para a cama, mas minha teimosia foi maior, uma energia surgiu do nada e me consumiu.
         -Tudo é ridículo para você?
         -Quê?- Pergunta ele confuso.
         A ignorância dele me irrita, de forma que quero provar que posso ser forte se quiser, então acumulo todos os meus sentimentos, medo, ódio, confusão, raiva, dúvida e explodo em palavras, gritando tudo o que ficou preso em minha garganta desde o dia em que uma estranha me fez tornar um monstro.
         -Lamento te decepcionar! Mas não podemos ter tudo o que queremos, não é? Você parecia tão infeliz aqui por não poder ter uma boa discussão, mas não está nem ai para as vidas que vocês destroem aqui. Você não ajudam pessoas, simplesmente tiram o futuro delas para se alimentarem.
         Minha adrenalina cai e eu desabaria no chão de Joe não tivesse me segurado, ele me pega no colo e me leva para a cama.
         Ele me deita suavemente no travesseiro, me cobre com as cobertas e se senta ao meu lado, esperando as lágrimas acabarem.
         Quando o sol começa a nascer ele toca meu rosto, agora todos devem estar indo dormir, Lindsey deve estar procupada, mas ela não vai me procurar.
         -Hannibal te deu sangue, não foi?
         Aceno com a cabeça.
         -Este é um dos efeitos.- Explica com uma voz mansa- Quando você bebe sangue, ele armazena toda a sua energia e quando você precisa dela, ela é liberada em uma ação, mas isso te esgota. Foi cruel Hannibal ter te deixado beber, porque agora você vai começar a sentir a dependência.
         Realmente estou acabada, meus músculos parecem gelatina, meus olhos vão se fechando lentamente, mas ainda sou capaz de sentir o rosto de Joe se aproximando do meu.
         Seus lábios param a centímetros dos meus.
         -Agora você vai ter que experimentar outro efeito, pesadelos. - Ele toma coragem e me beija suavemente- Mas não se esqueça, eu estou aqui, Demi. Para sempre.
         Será que se não estivesse tão cansada eu retribuiria o beijo?
         Mas sua promessa não me impede de dormir e sonhar.
         Estou no meio do uma floresta petrificada, está de dia, mas uma neblina seca toma conta do lugar, o chão é irregular por causa das raízes e não visto nada além de um manto vermelho.
         Consigo ver um rastro se sangue nas folhas caídas, o sigo lentamente, a quantidade de sangue aumenta cada vez que avanço.
         Depois de vários metros encontro uma mulher caída, seu corpo está como se tivesse sido jogado, seu rosto e tronco estão cobertos por um manto semelhante ao meu, mas este é negro.
         Minhas mãos se movem sozinhas quando retiro o manto dela, me viro rapidamente em outra direção para não ter que olhar o corpo mutilado e aberto de Kirstie.
         Eu a matei?Eu causei isso?
         Corro para longe de seu corpo, indo para qualquer direção, mas então chego à uma clareira e dou de cara com o sorriso sangrento de Hannibal.
         Recuo de forma desajeitada para longe, então não vejo uma raiz e caio em um lago.
         Mas em vez de água, sangue quente me fazia afundar, entrando em meus pulmões e não me deixando respirar.
         Uma mão começa a me levantar, me ajudando a surgir, sou içada até Joe finalmente me salvar da escuridão.
         Então estou de volta ao meu quarto, tremendo e coberta de suor, Joe ainda está ao meu lado, com um olhar triste, como se já soubesse que eu teria um pesadelo terrível.
         Ele na diz nada, apenas observa minha tremedeira piorar e ficar quase como uma convulsão, não consigo me controlar, então começo a sentir um frio congelante, mas posso sentir minha pele ardendo em febre.
         Até que começo a sentir uma dor forte em meu corpo e começo a gritar.
         Joe parece desesperado agora, me pega no colo e me carrega para algum lugar, correndo, me mexo descontrolada, quase caindo de seus braços.
         Até que por fim sou deixada em uma maca, pessoas andam ao meu redor, prendendo meu braços e pernas para que eu não caia, algumas agulhas são aplicadas em meus braços.
         Já não consigo ver nada, só alguns borrões se movendo, até que algum remédio faz efeito e começo a parar de me contorcer.
         Minha visão melhora e consigo ver algumas coisas, meio embaçado, posso ver que estou em uma sala longa, com diversas macas enfileiradas encostadas em paredes opostas.
         -É estranho que o sangue que ela bebeu na iniciação tenha tido efeito só agora.- Diz uma voz feminina estranha- Geralmente acontece no dia seguinte.
         -Isso não tem importância para você, tem Julie?- Diz Joe em algum lugar, parece irritado.
         -Me desculpe!-Responde a garota com certa cautela.
         -Ela vai ficar bem, né?- Pergunta Joe.
         -QUE ESSA VADIA MORRA!!- Grita uma outra voz rouca e forçada. Kirstie.
         -Cala essa boca! Tirem ela de perto da Demi!
         Acontece algum alvoroço e os gritos de Kirstie vão ficando mais distantes, mas ainda poço ouvi-los, ela me culpando por não poder se levantar da cama.
         Ainda me debato, mas de forma mais controlada, um borrão, que parece ser Joe, coloca uma fina coberta sobre mim e segura minha mão debaixo dela, onde ninguém pode ver.
         Já parece ser meio-dia quando finalmente paro de tremer e minha visão melhorar, Joe teve que sair em algum momento, mas prometendo baixinho que voltaria, Kirstie parou de gritar, acho que a colocaram para dormir.
         Lindsey vem me visitar, me conta que Hannibal achou melhor eu ter treinamento sozinha e que designou Joe, Jessy e Lindsey para cumprir esta tarefa, Jessy e Joe porque eles são os melhores instrutores, e Lindsey porque percebeu que temos uma certa amizade.
         -Você vai ter uma semana com cada um de nós.- explica ela.
         -E depois?- Pergunto.
         -Eu não tenho certeza...- Ela me olha pensativa- Eu acho que se você tiver preparada até lá, Hannibal vai te mandar em alguma missão.
         -Missão- Não gostei disso.
         -Ahan! Algumas vezes Hannibal escolhe alguns de nós e nos manda para algum lugar para procurar alguma coisa ou para fazer algo.
         -“Nós”?É uma missão em grupo?
         -Ás vezes, eu já fui sozinha algumas vezes.
         -Ah.
         Então sinto uma vontade de ficar na cama, sem precisar levantar ou fazer qualquer coisa que Hannibal peça a mim.
         Em compensação... Uma semana, só eu e Joe...

terça-feira, 16 de julho de 2013

Shadows - Capítulo 7

Oie gente!! Mais um capítulo pra voces!! Espero que comentem bastante e que gostem. Lembrete: essa história não é minha, é da minha amiga.
Que a sorte esteja sempre a seu favor.

...

         -Mamãe?
         -Ah... Demi!
         Ela corre atém mim com os braços estendidos, ignorando Joe ao meu lado, consigo me levantar antes de ser sufocada por seu abraço.
         Ela está exatamente como eu lembrava, não retribuo sem abraço, mas ela me aperta cada vez mais.
         -Onde você se meteu?- Pergunta ela afagando meus cabelos.- Estive te procurando feito louca.
         Estou paralisada, completamente surpresa por vê-la, mas de certa forma me sinto meio mal depois do que fiz pra ela.
         -Ah...Senhora?- Pergunta Lindsey meio sem jeito.- Como a encontrou?
         Dianna, minha mãe, se afasta de mim com os olhos molhados, mas sorrindo e fala ai nada olhando para mim:
         -Eu nunca desisti da minha Demi! Então depois de tanto tempo encontrei uma pista dela aqui e o portão estava aberto então simplesmente entrei.
         Ela me abraça novamente, eu retribuo seu abraço, provavelmente ela não percebeu que eu fugi dela.
         -Você não deveria estar aqui!- Diz Joe com certa indelicadeza.
         -E quem são vocês? Por que estão mantendo minha filha presa?
         -Presa?
         Joe se levanta bruscamente com um olhar irritado, mas Lindsey rapidamente entra em sua frente o impedindo de andar e fala para minha mãe:
         -Meu nome é Lindsey Stirling!- Ela estende a mão.- Este é Joe Jonas e não estamos mantendo sua filha presa!
         Será? Me pergunto em silêncio, Lindsey é legal e companheira, mas não me lembro de nenhuma vez em que ela se ofereceu a me ajudar a sair deste lugar e Joe de certa forma é como meu carcereiro, apesar de parecer querer me proteger.
         -Então ela pode ir embora?-Pergunta minha mãe olhando minha expressão de dúvida.
         -Bem...- Lindsey começa a encaram o chão em quanto pensa em uma resposta.
         -Ela não pode ir.- Diz uma voz calma.- Lamento.
         Todos se viram para encarar Hannibal que está em pé encostado na porta, ele está usando um terno de lã e sem nenhuma expressão.
         -Não existe a menor possibilidade de ela poder sair.
         -E por que não?-Minha mãe cruza os braços sobre o peito.
         Tenho que admitir que nós tuas temos uma terrível teimosia.
         -Podemos conversar?- Hannibal estende a mão em direção á saída.
         Minha mãe olha para mim com certa dúvida, mas então caminha junto com Hannibal para algum lugar, Lindsey precisou de alguns minutos para me fazer sair do estado de choque e me fez sentar.
         Joe parece ter saído de seu momento de cólera e sentou novamente ao meu lado, Lindsey respira fundo e me encara com caridade.
         -Então você fugiu de casa, certo?
         -Ahan.- Concordo, fingindo não estar surpresa.- Eu tinha 15 anos, fazem 5 anos, na noite de ano novo, minha mãe e Patrick tinham ido em uma festa da empresa onde eles trabalham, preferiram me deixar em casa sozinha e como não foi a primeira vez que eles fizeram isso eu decidi que era melhor ir embora.
         -Quem é Patrick?
         -É o meu pai, mas eu prefiro chamá-lo pelo nome dele.
         A sala agora está com um clima de paz, até quase esqueci que estava preocupada com Jessy, ela não tinha chance com aqueles lobos.
         Porém ainda tenho diversas perguntas para serem respondidas e estou cansada de esperar as respostas virem até mim, tenho um plano para conseguir algumas, mas vai ser um suicídio praticamente.
         Mas não tenho escolha.
         -Eu vou para o meu quarto!
         Lindsey e Joe me olham com desconfiança, porem concordam que é melhor, mas eu sei que nenhum de nós três acreditamos que eu apenas vá para meu quarto.
         Corro tentando fazer o mínimo possível de barulho pelos corredores, consigo me lembrar razoavelmente onde fica a maligna porta de madeira que leva para o escritório de Hannibal.
         Depois de alguns minutos estou parada em frente a porta, encosto meu ouvido para tentar captar algum som, mas a porta é grossa demais.
         Estou tão concentrada que não percebo o som de um sapato de salto de aproximando.
         -Olha só! Parece que não sou a única que tenta ouvir através dessa porta.
         Solto um grito de susto e encaro o rosto sorridente de Jessy, com toda certeza ela não está me repreendendo, ela parece com alguém que iria se juntar à mim.
         -Eu já soube da sua mãe.- Continua ela.- Você deve estar meio abalada.
         -Eu pensei que a Kirstie...
         -O que?-Me interrompe ela.- Pensou que ela ia acabar comigo?
         Aceno com a cabeça e ela solta uma gargalhada.
         -Kirstie não tem a mínima chance comigo, mesmo com os seus lobos, ela vem tentando vencer de mim faz alguns meses e como sempre acaba na enfermaria quase morrendo. Você se importa com ela?
         Dou os ombros fingindo que não me importo, então olho para seu rosto e percebo novamente seus olhos inchados, quase não é possível ver, mas ainda me deixa incomodada.
         -O que é isso no seu rosto?
         -Como assim?- Ela se vira para um espelho emoldurado procurando alguma falha em sua maquiagem, como não acha nada solta um riso forçado.- Não tem nada no meu rosto, Demi!
         A porta abre e minha mãe sai com uma expressão preocupada, olha para mim com olhos choroso, me abraça de leve e vai em direção à porta.
         -Acompanhe ela, Jessy.- Diz Hannibal.
         Jessy concorda e vai atrás de minha mãe, Hannibal se encosta na porta e indica com a cabeça que eu entre, entro sem pensar duas vezes.
         Me sento no sofá como Hannibal indica, ele se senta ao meu lado depois de fechar a porta e me oferece uma taça com um líquido escarlata.
         Sangue.
         O maldito líquido que me atrai, tento me controlar para beber devagar, mas me sinto tão bem, me sinto mais forte e renovada.
         Quando termino sinto a necessidade de mais, mas respiro fundo e me acalmo.
         -Lindsey me disse uma vez que você permite que bebamos sangue uma vez, no baile de iniciação.- Digo encarando a taça vazia.
         -É verdade.- Responde Lecter.- Jessy e Joseph são os únicos que eu permito beberem mais, os deixa mais fortes para liderar.
         -E por que me ofereceu?
         Ele suavemente balança a cabeça e não me responde.
         -Você conhecia minha mãe?
         -Sim.- Ele olha para o fogo da lareira.- Eu a conheci quando ela tinha sua idade, era muito bonita, assim como você.
         -O que você disse para ela?
         -Sobre você ficar aqui? Disse à ela que você está surtando e precisa de tratamento psiquiatra, possuo alguns poderes que ajudaram a convencê-la.
         Me encolho no sofá, mas, assim como no dia em que ele me transformou, ele segura a ponta de meu queixo e me obriga a olhá-lo.
         -Se prepare, Dianna!-Ele errou meu nome de propósito. - Você é uma peça importante para mim.
         Ele me solta e se levanta, caminha em direção à estante de livros e começa a pegar alguns livros, vai os colocando em uma pilha que fica enorme.
         -Você é diferente, Demi.- Hannibal não olha para mim.- Então precisa estar preparada para qualquer coisa.
         Várias horas depois estou sentada em minha cama, folheando os livros que Hannibal me emprestou.
         Todos são muito macabros, com páginas grossas e antigas, escritas com uma tinta negra, são livros de história falando de guerras, batalhas, doenças, civilizações dizimadas, lendas horripilantes.
         Mas no final de um livro encontro um pequeno bilhete avulso, assinado com o nome de Hannibal, a mensagem é clara: “Você sabe o que é real, basta expandir sua mente.”
         A mensagem não faz muito sentido, mas guardo o bilhete em uma gaveta, entre minhas roupas, jogo os livros no chão e entro debaixo das cobertas.
         A cama é macia, então logo me sinto sonolenta, mas começo a sentir uma presença, sinto isso toda noite...
         Sempre antes de dormir sinto alguém me observando, mas não consigo me mover por medo, mas hoje não estou ligando para o meu medo.
         -Você faz muito isso?- Pergunto para a escuridão do quarto.- Ficar me vigiando...
         -Faço isso sempre.- Responde o nada.- Você é ainda mais bela quando está dormindo.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Shadows - Capítulo 6

Oi, oi gente!! Como tão? Eu to até que bem. Ah, no capítulo 4, eu acho, eu respondi os comentários de voces. Agora vou começar a responder os coments no próprio capítulo, blz? Então, se quiserem ver o que eu respondi, é só ir lá :)

Agora o cap...




         Uma semana se passou desde que cheguei na mansão de Hannibal.
         Tanta coisa mudou, comecei a seguir a rotina natural dos vampiros, o que significa que durmo a manhã inteira, levanto para comer na hora do almoço e então começo as obrigações que vão até a madrugada do outro dia.
         Tenho aulas todos os dias de história, com uma mulher de idade indefinida, a aula toma quase a tarde inteira, e como sou novata, eu tenho aula sozinha, mas tudo parece um colégio interno, tem horário para fazer qualquer coisa e todos usam uma espécie de uniforme, sempre roupas pretas, cinzas ou qualquer coisa neutra e escura.
         A noite tenho o dever de ajudar na cozinha, mas só fico de frente para a pia de lavar louça, não tenho permissão para olhar para trás, o que acho muito ridículo.
         Passo meu tempo livre com a Lindsey, ela me ajuda a não perder os horários e me consola quando me sinto aprisionada, ela até começou a me ensinar a tocar violino, mas não tenho muito talento para isso.
         Não tenho visto Hannibal, Lindsey acha que ele fica no escritório dele, não vejo Joe também, o que me fez sentir meio chateada, Jessy vai me ver ás vezes, quando pesadelos que me fazem gritar em quanto durmo.
         Hoje vou começar a ir ás aulas junto com os outros, ainda me perco nos corredores que a mansão é composta, mas por fim consigo me localizar, quando abro a porta, me seguro para não gritar.
         Três enormes lobos estão no centro de um tatame de luta elevado em uma sala retangular e comprida, no meio deles está a garota de cabelo vermelho e Joe, ao redor deles, diversas pessoas que vi no baile, eles me encaram quando entro, entre elas está Lindsey.
         A aparência de Joe não mudou em nada, exceto por estar vestindo roupas para exercício pretas.
         -Venha, Demi.- Diz ele apontando para seu lado.-Pode ficar aqui.
         Quando dou um paço em direção ao centro um lobo late tão alto que recuo inconscientemente, a garota do cabelo vermelho dá um risinho, mas Joe fala com reprovação:
         -Pare com isso, Dallas.
         Ela revira os olhos, faz um som estranho com a garganta e então junto com os lobos saem do meio do círculo, eu me aproximo.
         Joe espera eu entrar no círculo e então começa a falar para todos:
         -Espero que rebebam bem sua nova colega. -Ele me lança um olhar ameaçador e continua falando em um tom sarcástico.- Não queremos perder mais ninguém nos treinamentos.
         Um risinho ecoa pelo salão e percebo que uma parede repleta com armas de diversas épocas e culturas diferentes.
         -Se eu pedir para vocês a treinarem, obedeçam.
         Agora ninguém mexeu um músculo, todos confirmam com a cabeça, então percebi que todos estavam em boa forma, magros e musculosos, não de forma bizarra, mas saudáveis.
         Joe aponta rapidamente para Lindsey, vai em direção á uma parede onde se encosta e observa todos se dispersarem em volta do tatame, eu faço o mesmo.
         Lindsey se encaminha para o meio do tatame,  ela fica no centro de um círculo composto por 4 garotos enormes que ficaram parados, percebo que em uma luta ela não tem chance alguma.
         Então dois deles investem tentando pegá-la, mas ela é magra e habilidosa, sua flexibilidade é inacreditável, ela consegue fazer com que os dois batam de frente um com o outro e fiquem desorientados, em quanto com alguns simples golpes derruba os outros.
         Menos de trinta segundos depois 4 garotos inconsciente são arrastados para fora da sala, Lindsey age como se fosse a coisa mais normal do mundo fica ao meus lado.
         Não percebo quando Joe toca meu ombro e me encaminha para o centro do tatame, ele ponta para Dallas que sorri pra mim, um sorriso perverso.
         Joe pega dois bastões e nos entregas, sem se importar com nada desce do tatame e vai para algum lugar, um clima de tensão assume o lugar,
         -Bem vinda ao seu pesadelo.- Diz Dallas, sua voz é áspera e forçada- Vamos começar com o básico.
         Ela levanta o bastão e me ataca. Por sorte tenho reflexos rápidos o suficiente para me agachar antes que o bastão passe por onde estava minha cabeça.
         Me jogo desajeitadamente para o lado, ela segue meus movimentos com o canto dos olhos, então joga o peso de seu braço no chão, exatamente onde eu estava segundos antes, me afasto dela o mais rápido que posso, mas a encaro quando alcanço o outro lado do tatame.
         Ela parece meio impressionada, mas então corre até mim brandindo o bastão, eu estava apenas com a intenção de evitar que ela me acertasse, mas sem querer nossos bastões se encontram e o meu escorrega de minha mão, que sem querer acaba batendo exatamente no meio de sua cara.
         Todos ao nosso redor fazem um som de surpresos, até Lindsey cerra os punhos caso de tenha que me proteger da ira de Dallas.
         São segundos assustadores de silêncio antes de Dallas explodir em um grito, ela segura a gola de minha camiseta e se prepara para me dar um soco.
         -Arrumando problemas novamente, Dallas?
         Uma voz calma e confiante ecoa pelo salão, Jessy se aproxima lentamente, a cada passo Dallas relaxava mais a mão até que me soltar finalmente.
         Com a presença de Jessy todos parecem apreensivos, então comecei a entender certa hierarquia aqui.
         Hannibal manda em tudo, provavelmente é o dono do lugar, Joe e Jessy são como coordenadores, mas se reportam a Hannibal, os veteranos compõe o lugar e ensinam os mais novos, e bem em baixo dessa escala estou eu, a novata.
         Estranhamente eu não tenho medo de Jessy nem de Joe (Okay, talvez um pouquinho) e muito menos dos veteranos, mas Hannibal me intimida.
         Dallas se afasta de mim com a cabeça baixa, Jessy nem a olha quando me estende a mão, me levanto e a encaro por um instante, sua pele está pálida e os olhos inchados, mas de forma quase imperceptível.
         Jessy por fim me solta e começa a ir em direção á porta, mas antes Dallas dá um grunhido alto, os lobos saem de algum lugar e se juntam á ela, encarando Jessy como se a desafiasse.
         Todos de afastam rapidamente, observando a reação de Jessy, que não é nenhuma, ela apensa suspira e se vira para olhá-la.
         -De novo?- Diz Jessy com certo tédio.
         -Sim, de novo.- Responde Dallas.
         Lindsey e Joe correm até mim, cada um segura um de meus braços e começa a me tirar do salão, como se tivessem combinado, eles me levam para fora.
         Algo ruim vai acontecer, me debato para tentar me soltar, alguém vai sair ferido, posso sentir.
         Mas apesar do tempo em que passei aqui não foi o suficiente para me deixar mais forte, não tenho a mínima chance contra os dois, a porta bate atrás de nós, bem na hora em que um latido abafado ecoa e um grito agonizante ficam ecoando em minha mente.
         Paro de tentar lutar, de forma que Joe me pega no colo, não tem espaço em minha cabeça o suficiente para pensar nisso, só consigo pensar em alguém caído no chão, afogando no próprio sangue.
         Na mansão existem muitas salas, Joe me coloca em um sofá em uma delas, Lindsey se senta na poltrona do lado oposto e suspira, estou tremendo, nunca parei para pensar em como eles poderiam ser mais poderosos do que eu e a ameaça que poderiam representar para mim.
         Um alvoroço é possível ser ouvido, como várias pessoas correndo e desesperadas, tapo os ouvidos com as mãos quando as imagens de alguém morto voltam á minha cabeça, Joe que está sentado ao meu lado me abraça, tentando abafar o som de passos se aproximado.
         Até que percebo que Lindsey levanta bruscamente e fala para alguém que está na porta.
         -Você não deveria estar aqui! Como entrou?
         Então meu coração dispara ao ver a mulher entrando, os cabelos castanho-claros, quase loiros, os olhos claros e brilhantes, seu rosto de abre em um sorriso ao me ver, mas meu espanto é maior.
         -Mamãe?



segunda-feira, 8 de julho de 2013

Shadows - Capítulo 5

         Como o máximo que posso de aperitivos que consigo, tudo para retirar o gosto de sangue de minha boca.
         Tento ficar no canto, sem ser notada, mas algumas pessoas vem me cumprimentam, sem muita emoção eu retribuo os sorrisos falsos que recebo, não me chamam para dançar novamente, então fico quieta.
         Os aperitivos são finos, como os que são servidos em festas de classes altas, eu nunca estivem em um baile em que realmente fui convidada e fico pensando se fora daqui, as festas são como essa.
         Após eu beber o sangue, uma atmosfera de comemoração dominou o lugar, parece que minha ideia de ficar descalça ganhou fama, grande parte das pessoas estão descalças, rindo loucamente, dançando e comendo.
         Uma garota toca um violino no centro de um círculo de dança, ela gira e pula em um ritmo animado, ela tem os cabelos castanhos, olhos cinzas e feições que levemente me lembra a Tinker Bell, ela usa um vestido marrom florido, quando ela gira o vestido parece reconhecer seus movimentos e transmitir sua agitação.
         Hannibal sumiu, deixando o clima mais leve, mas Joe também se foi, o que me deixou meio desanimada, Jessy está dançando na roda, batendo palmas e sorrindo.
         Não posso deixar de me perguntar se não seria feliz aqui, com tanta animação contagiante e estas pessoas receptivas, a música para por um momento, Tinker Bell se aproxima de mim ainda com o violino e o arco em mãos.
         -Dance conosco, Demi.- Diz ela respirando com dificuldade.
         Eu aceito, sem hesitar, sou levada até o meio do círculo, e deixo meus problemas se dispersarem no sereno da noite, meu vestido parece ficar mais leve, meus músculos que estavam doloridos e cansados, agora estão relaxados.
          Não existe preocupações, nunca me senti tão viva, sempre fui uma morta vagando sozinha por Intence Hill, agora sou uma alma livre, não posso deixar de sorrir.
         Um menino, de 15 anos mais ou menos, me chama para dançar, sem nenhuma intenção oculta, apenas para nos divertimos, eu aceito sorrindo.
         A noite continua assim, agitada, quanto somos atingidos pelos primeiros raios da manhã, todos ficam preocupados, com certo anseio, não consigo dar mais um paço até que silenciosamente todos começam a recolher os restos de comida e a ajeitar a clareira, quando comecei a ajudar, todos falaram que estava tudo bem e que eu não precisava fazer nada, quando começo a contestar, alguém toca em minha testa e desmaio.
         Quando acordo, estou novamente em meu quarto, deitada no sofá, ainda estou com o vestido, mas agora estou sentindo o cansaço, todas minhas juntas reclamam quando levanto, percebo que agora o quarto tem uma cômoda aos pés da cama
         Retiro meu vestido e o coloco delicadamente em uma gaveta, encontro uma camiseta preta de manga comprida, uma calça folgada e um sapado baixo, não sei como tirar os fios de dourados do meu cabelo, então o prendo com o elástico que guardei de Jessy.
         Pelo jeito, apesar de eu ter mudado, meus sentimentos ainda são confusos, tantas coisa que aconteceram, tantas dúvidas que me cercam.
         Ainda está noite lá for, apesar de certa indicação de estar amanhecendo, é estranho que me senta tão confortável na escuridão, será que é por causa do que sou agora? Não, sempre fui assim, a noite sempre me protegeu.
         Talvez ela continue me protegendo então, abro a porta para sair, ninguém aparece para me impedir, meu quarto é o último de um longo corredor repleto de portas, então sigo por ele tentando não fazer barulho, posso ouvir atrás das portas pessoas dormindo, ninguém roncando, mas respirando profundamente, apenas em um quarto ouço um som diferente.
         Não hesito em bater na porta, e não demora muito até uma garota com um violino em mãos abrir a porta, sua expressão é de surpresa, mas ela me deixa entrar.
         -Seu nome é Lindsey, não é?- Pergunto á ela.
         Ela assente meio surpresa pela minha visita, seu quarto é idêntico ao meu, mas com mudanças visíveis, sua cama está onde o sofá deveria ficar, o sofá está perdido em um canto, as paredes são repletas de fotos, um MP3 está desligado em cima da cômoda, um pote com cereal está no chão, perto de um notebook ligado e uma capa de violino aberta.
         -Fiquei surpresa com sua visita.- Anuncia ela- Quer cereal?
         Recuso gentilmente, como o sofá está cheio de CD’s e papéis, me sento no chão mesmo, ela senta na minha frente, fico admirando seu violino, ela percebe meu interesse e pergunta se eu gostaria de ouvi-la tocar, eu aceito.
         Ela pega o notebook e digita rapidamente algo, então uma batida começa a tocar, ela fecha os olhos sentindo o ritmo, então encaixa o violino em seu pescoço e começa a tocar uma melodia lenta, ela não abre olhos, mas seus dedos de movem com habilidade, a melodia é melancólica, de forma que atinge meu coração.
         -Como se chama?- Pergunto em meio ás lágrimas quando ela termina de tocar.
         -A Canção do Pássaro Aprisionado.- Responde ela me olhando com compaixão.
         Não consigo segurar, começo a soluçar incontrolavelmente, minha garganta está seca, abafo meus gemidos em minha mão, não sei como consegui me descontrolar assim, mas confio em Lindsey, precipitado de mais...
         Lindsey me abraça reconfortantemente.
         -Eu não consigo...-Digo tremendo- É muito para mim...
         -É muito para qualquer um.- Diz ela.
         Se passam alguns minutos até eu me acalmar, então me sento, ela levanta minha cabeça e enxuga meu rosto com suas mãos.
         -Como foi com você?- Pergunto para aliviar a tensão.
         -Foi complicado, - Começa ela, suspirando- eu tinha uma tia que morava aqui, uma vez eu vim visitá-la sozinha, eu estava vindo de trem, mas quando desembarquei sem querer eu atravessei os trilhos na hora errada, todos pensaram que eu havia morrido, mas alguém me empurrou para fora do caminho antes do trem passar.
         -Foi o Joe- Pergunto- não foi?
         -Foi!- Concorda tristemente- Quando ele me empurrou, eu acabei batendo a cabeça e desmaiando, quando eu acordei, estava na sala do Hannibal, deitada no sofá,- Ela para um pouco, confusa, eu quase para de respirar para não atrapalhar sua história- ele estava fazendo um curativo em minha cabeça, falando uma coisas tranquilizantes, até que ele virou minha cabeça e me mordeu.
         Não sei o que dizer, sua historia parece ser mais triste, ela ainda tinha uma família que amava ela, ela ainda não estava perdida.
         Eu me levanto, sem dizer nada e saio do quarto, pela expressão de Lindsey, pude ver que reviver o passado era doloroso para ela e que ela precisava de um tempo para chorar sozinha.
         Porém esbarro em alguém no corredor, estou tão tonta que acabo caindo no chão, mal tenho tempo para pensar em alguma coisa quando uma mão se estende para mim.
         -Você não devia esta aqui.
         Seguro a mão e me levanto, meu rosto fica meio quente quando vejo que é Joe que está na minha frente.
         -Eu só queria sair um pouco.- Me defendo.
         -Este é o momento reservado para dormir, então volta para o seu quarto.
         Ele fala de um modo grosseiro, quase fico com medo, mas me mantenho firme e ignorante, cruzo os braços e o encaro.
         -Mas eu não quero.
         Ficamos por um tempo nos encarando, ele me olha com olhos perversos, eu não me mecho, não demonstro fraqueza, até que ele suspira e me levanta.
         Grito em protesto, mas ele me joga por seu ombro e começa a me levar de volta para meu quarto, bato em suas costas, mas é o mesmo que bater em uma parede, ele não fala nada, apenas me ignora.
         Ele abre a porta e me joga na cama, em vez de ir embora, ele segura meu queixo com uma das mãos, olha profundamente em meus olhos.
         -Eu não quero que você se machuque.- Posso perceber sinceridade em sua voz- Você é pequena de mais para se arriscar assim.
         Fico meio ofendida, mas não consigo dizer nenhuma palavra, então para me surpreender ainda mais, ele beija minha bochecha.
         Ele sai do quarto apressadamente e fecha a porta atrás de si, fico pasma por um tempo, meu cérebro tentando processa os últimos acontecimento, até que por fim deito na cama e puxo as cobertas acima da cabeça.
         Agora finalmente tenho certeza de três coisas. Primeira, Lindsey é minha amiga agora, posso confiar nela. Segunda, Joe quer me proteger.
         Terceira, estou gostando de um vampiro.