-Onde vamos?-Eu pergunto colocando
uma toca de lã verde.
-Na cidade.-Responde Joe
fechando sua jaqueta azulada- Precisamos comprar as coisas para hoje a noite.
-E a Núbia? É ela que compra a
comida aqui.
-Menos nos últimos cinco dias
do ano. É uma tradição estranha do lugar de onde ela veio.
-Do Egito, não é?
Ele concorda comigo e saímos
da mansão, a neve deu uma trégua nesse último dia do ano, mas o céu ainda está
nublado.
Joe e eu vamos caminhando até
a cidade, achamos melhor te um tempo para nós, estamos de mãos dadas e
caminhando sem pressa, mas só falamos quando não podemos mais vera mansão ao
olharmos para trás.
São vários minutos de
caminhada até o centro da cidade, que não é grande coisa, a maior parte das
casas são antigas e velhas, os prédios são baixos, quase todas as ruas são de
paralelepípedos mal encaixados.
As ruas estão movimentadas de
pessoas vestidas com roupas brancas e verdes, uma antiga tradição, o branco
representa a neve pura e o verde representa a busca por proteção, isso me trás
lembranças...
Damos voltas nas ruelas
procurando algumas coisa especial para a noite, eu tento disfarçar, mas eu
estou com vontade de sair correndo, fugindo para algum lugar, não fugindo de
Joe, mas de Hannibal, daquela maldita mansão e da maldição de ser vampira.
Meus instintos anseiam em
ficar descalça e correr em direção à minha liberdade e nunca mais voltar, sem
compromissos, mas no fundo eu sei que não posso...
-Está procurando
alguém?-Pergunta Joe, me tirando do transe.
-Que?-Eu pergunto surpresa.
-Eu sei que você viveu cinco
anos morando pelas ruas daqui, você deve ter feito algum amigo, ou namo...- Ele
se interrompe.
-Tem alguém que eu quero ver
sim.- Uma certa sensação de culpa me ocupa, eu até tinha esquecido dessa
pessoa, uma das poucas que já se preocupou comigo de verdade.
Eu vou indo na frente, Joe
tenta me acompanhar, vamos em direção à única parte que moderna de Intence
Hill, um shopping enorme, um viaduto largo passa nas alturas, a única avenida
da cidade, mas o que me interessa está em baixo do viaduto.
Dezenas de pequenas caixas de
papelão e tabuas velhas formam casas mal feitas e inacabadas, crianças correm
de um lado para o outro balançando no ar caixas velhas de suco como se fossem
aviões, uma dúzia de barris espalhados por toda a área contem um fogo fraco.
Apesar de tudo estar caindo
aos pedaços, as ‘casas’ estão alinhadas, formando pequenas ruas e becos, mas a
maior parte das ‘construções’ tem menos de um metro de altura, então é possível
enxergar bem os pilares do viaduto.
Meus olhos correm por tudo,
tentando encontrar algum ponto de referência familiar, mas estou perdida, tudo
mudou tanto, desde que fui expulsa daqui.
-Ele tem que estar aqui ainda,
tem que estar...-Eu murmuro para mim mesma.
Então uma voz fraca me chama.
-Demeter?
-Absalon!!-Eu me viro.
Ele esta sentado no chão,
coberto como um índio com uma coberta corroída, sua pele curtida pelo sol
apresenta manchas, a barba está longa e grisalha, como da última vez que eu o vi,
os olhos leitosos e sem vida...
-Eu sabia!-Diz ele- Eu sabia
que você era uma deusa! Demeter! Eu sabia que você tinha poderes para voltar
para mim!
Nós rimos, é uma velha piada
com o meu nome, eu conheci Absalon quando eu cheguei na cidade, sem casa, nem
dinheiro, eu tinha 15 nos na época, ele tinha 72, mas era firme o suficiente
para se sustentar trabalhando como catador de lixo, ele me ensinou como viver
nessa cidade, como arrumar emprego e coisas assim, ele é muito sábio e gostava
de ler sobre história nos livros que da biblioteca publica, foi onde ele
descobriu que meu nome vinha da deusa grega da agricultura, desde então ele diz
que eu sou uma deusa disfarçada (Por brincadeira é claro, ele não é louco).
-Eu não tive chance de dizer o
quanto você é especial, minha filha!-Diz ele chorando- Se eu pudesse ao menos
ver seu rosto novamente...
-Não vamos falar disso, ok?-Eu
digo- Ah! Eu quero que conheça Joe!
Eu faço um sinal para que Joe
se agache na frente de Absalon, ele parece meio tenso, mas faz o que eu peço,
ele se apresenta e Absalon toca seu rosto, como ele é cego, é assim que ele
conhece as pessoas.
-Sua pele é muito fria!- Diz
ele franzindo a testa- Como você conheceu a Demi?
-Ela mora comigo.-Responde Joe
meio nervoso.
Eu bato na testa, o que ele
disse não tem como não maliciar, eu queria ficar com Absalon, mas eu sei que
não posso, eu tenho que me afastar do meu passado, a Demi humana morreu.
-Absalon...-Eu digo- Eu
preciso ir...
-Mas por que?
-Eu tenho uma vida nova agora.
Eu preciso voltar para ela agora.
Eu vasculho meus bolsos até
encontrar alguns dólares, eu entrego para Abasalon e me afasto rapidamente, Joe
me segue.
Vou passando pelas pequenas
casas de papelão quase correndo, eu quase não percebo o pé de alguém, até que
eu tropeço nele, por sorte eu não me esborrachei no chão, pé pertencia a um
homem com a barba mal feita, com roupas visivelmente gastas e esburacadas, ele
estava sentado com as pernas esticadas, uma garota estava com a cabeça deitada
em sua perna, sua aparência era frágil, ele era muito pálida, com cabelos negros
e lisos, seus olhos estavam fechados, ela tremia em baixo de uma coberta fina.
-Me desculpe..-Eu digo.
-Caia fora daqui!- Diz o homem
apontando para uma direção aleatória- Ela precisa descansar, está muito doente!
-O que ela tem?- Eu e minha
curiosidade...
-Câncer no Pâncreas.- O homem
olha com tristeza para a garota.
Ele abraça a garota do jeito
que pode, ela parece ter uns 15 anos, mas algo me diz que ela é mais velha do
que isso, mas eu não tenho o que fazer, então continuo ido para longe daquele
lugar, eu não paro de andar até chegar em uma familiar praça, a mesma em que eu
conheci Jessy e minha vida mudou para sempre.
Eu me sento no mesmo banco e
abraço minhas pernas, Joe se aproxima calmamente e se senta ao meu lado,
exatamente onde Jessy havia sentado, ele não diz nada, mas eu percebo que de
certa forma ele está me consolando.
-Eu tive amigos nesses
anos,-Eu digo baixinho- mas algumas viraram garotas de programa, outros
morreram por gangues, muitos nem me reconhecem mais por estarem enfiando
qualquer porcaria no braço, eu não tenho passado, eu vou ser uma vampira,
vivendo com a minha dor para sempre...
Eu começo a chorar muito
então, tudo o que eu disse foi verdade, ainda me lembro dos rostos e nomes que
são difíceis de pronunciar sem manter a calma, Joe me abraça com força, me
protegendo dos meus medos.
-Você pode ter um
futuro...-Sussurra ele no meu ouvido- Com essa maldição que nós dois
carregamos, nós podemos conviver com isso! A vantagem disso é que podemos viver
para sempre! Deixe o passado para trás, você pode ter um futuro aceitável, um
futuro prospero... Ao meu lado.
Eu levanto a cabeça e ele me
beija, nós já nos beijamos uma vez, mas daquela vez não conta eu estava
praticamente tendo um colapso, esse foi mais caloroso, eu estava completamente
consciente desta vez, então pude curtir casa segundo, as mãos de Joe me trazem
para mais perto de si.
O resto do dia foi o mais
perfeito de todos, tirando o fato de estar gelado pra caramba, as ruas lotadas
de pessoas e o Joe pirando por causa do preço da serpentina, foi ótimo.
Entre as compras de decorações
e comidas nós saímos para curtir um pouco, assistimos alguns palhaços ridículos
de rua, tomamos chocolate quente com chantili, ele me contava coisas engraçadas
que ele aprontou na mansão, algumas situações engraçadas, mas sempre evitava
falar na Jessy ou em Hannibal.
Mas a noite logo chegou e
tivemos que voltar, deixando a alegria das pessoas normais (e humanas) para
trás e aceitando o silêncio da estrada, chegamos na mansão cansados, carregando
diversas sacolas.
-Chegaram tarde!- Diz um
garoto de 15 anos loirinho (Sim o mesmo que dançou comigo na minha iniciação),
suas palavras estão cheias de malícia- Fizeram muitos desvio?
As pessoas ao redor riram, mas
Joe me surpreendeu, passou o braço em volta de minha cintura e me puxou para
perto, as pessoas ficaram surpresas e ajudaram a carregar as sacolas, eu vou
para meu quarto.
Tomo um banho bem quentinho,
penteio meu cabelo (Os fios dourados estão quase sumindo agora), vasculho as
cômodas até encontrar alguma roupa adequada, o que não foi fácil porque todas
as roupas são escuras e discretas, mas acabo encontrando um vestido de linho
que vai até o pé de um degrade do brando até um verde suave, ele sendo bem
quente.
Todos estão reunidos do lado
de fora da mansão, eu posso perceber certa ansiedade de todos, Lindsey está no
meio de um circulo de pessoas, tocando uma melodia, mas sempre que podia dava
uma olhada em direção à um homem que estava na roda também, estava escuro então
eu não pude perceber características dele.
Estava tudo ótimo, para minha
sorte Hannibal resolveu não aparecer, nem
Jessy, eu sei que é maldade, mas eu desejei muuuuito para ela não vir,
ia estragar o clima todo, ela ainda tem aqueles surtos estranhos.
Então a contagem do último
minuto começa, Joe me traz uma taça com refrigerante (Vampiros se preocupam com
a saúde, bebidas alcoólicas só faz mal para o corpo, sem falar que é ridículo
beber só para se sentir importante).
-3...-Gritaram todos juntos-2...1...
O que acontece depois eu não
sei, estava ocupada demais beijando Joe, depois dançando loucamente com Lindsey
como se ninguém estivesse nos olhando.
E uma única vez na vida eu não
estava preocupada com nada, nem com o passado, nem com o futuro e muito menos
com o presente, pois estou segura agora, mesmo sabendo que vou ter dificuldades
e problemas em alguns meses com aquele maldito baile do Hannibal...
Mas, pra que pensar nisso
agora? Tenho tudo o que eu preciso, bem aqui.
AAAH Maravilhoso!!!
ResponderExcluirContinuaaa.... to amando
In love com a fic! kk'
bjus
xoxo
Own...Joe sendo fofo...
ResponderExcluirAmei...posta logo !
Posta Logo!
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