quinta-feira, 18 de abril de 2013

Chapter Six


         Eu me remexia várias vezes na cama do quarto de hotel que havia reservado para dormir esta noite, mas não conseguia nem cochilar. Estava ansioso e desesperado demais para conseguir dormir.
          Sem sono então comecei a relembrar momentos meus com a Demi. Relembrei de uma coversa que tivemos anos atrás, quando ela estava grávida de oito meses do Matthew.
_ Amor, como vamos chamá-lo? _ perguntava ela acariciando seu barrigão de oito meses.
_ Não sei, meu amor. Ainda não tive ideias. _ também acariciei sua barriga. Estávamos sentados em um sofá na varanda de nossa casa olhando para o jardim. Ela sentava de costas para mim, entre minhas pernas _ Não tem nenhuma sugestão?
_ Bom, tenho sim.
_ Qual é? _ beijei seu ombro.
_ Eu gosto do nome Matthew. Sempre gostei na verdade. Sonhava em colocar o nome de um filho meu assim.
_ Então seu sonho será realizado. Nosso filho se chamará Matthew.
_ Jura? _ sorriu.
_ Juro, minha linda. _ a beijei _ Esse nome é lindo e tenho certeza que combinará com o nosso bebê. _ sorri e ela também.
_ Ai meu amor, eu estou tão ansiosa com a hora do parto! Vai ser uma experiência e tanto! _ disse sorrindo largamente.
_ Vai querer parto normal? Não doerá mais em você? _ perguntei preocupo, pois sabia que o procedimento do parto normal poderia machucá-la _ Tem certeza que não quer fazer cesariana?
_ Tenho, meu amor. É o nosso primeiro filho, quero que ele nasça de parto normal. Mesmo doendo, quero sentir quando ele estiver saindo de meu ventre para meus braços.
_ Você me impressiona cada dia mais. Tenho certeza que se fosse qualquer outra mulher, escolheria a maneira mais rápida de parto.
_ É que elas querem ter filhos, mas não querem ter dor. Não aceitam que a dor faz parte de uma gravidez. Mas a dor não significa nada, comparada ao momento em que você vê e toca seu filho pela primeira vez. _ ela sorriu olhando sua barriga, enquanto eu a acariciava _ Eu só posso te agradecer por ter me dado um presente maravilhoso como esse, Joe.
_ Você é que está me fazendo feliz, enquanto gera nosso filho no ventre. Minha vida estará completa quando ele estiver finalmente em nossos braços. Eu te amo, meu amor.
_ Eu também te amo minha vida. _ disse e a beijei com todo o amor que pulsava em meu coração.
          Eu sei que ficar tendo estas lembranças pode me fazer mal, mas não me importo. Prefiro me lembrar destas coisas boas do que pensar que eles nunca mais estarão comigo. Que não poderei mais brincar com meu filho e que não poderei mais abraçar minha Demi.
(...)
         Eu já havia ido ao terceiro campo de refugiados. Nada deles lá também. Minha esperança já estava se esvaindo, mas continuei confiante.
Joe: Sol, vamos seguir para Serra Leoa agora.
Sol: Ué, você não queria ir nos campos de refugiados?
Joe: Eu já fui em todos eles, e nada de minha esposa e meu filho lá.
Sol: Ainda tem mais um. Não é bem um campo de refugiados, mas algumas pessoas vão lá para ter abrigo enquanto não são encontradas.
Joe: Tem certeza?
Sol: Absoluta.
Joe: Então me leve lá.
          Ele assentiu e colocou o helicóptero ara decolar. Fora mais ou menos uma hora de viagem até que chegamos ao tal campo. Era como se fosse uma pequena vila com algumas casas e pessoas, não muitas.
Sol: Chegamos.
Joe: Eu vou lá. Me espere aqui.
          Saí do helicóptero um tanto apressado e fui até a pequena vila. Uma mulher que aparentava ter uns cinquenta anos me viu e veio até mim.
Xxx: O que quer?
Joe: Estou procurando minha mulher e meu filho. Talvez eles possam estar aí.
Xxx: Me acompanhe.
          Começamos a andar por dentro da vila e eu olhava para todos os lados, a procura dos dois. Mas nem um sinal deles por enquanto. Quando estava quase desistindo e indo embora, ouço um grito.
Xxx: PAPAI!
          Virei-me para traz e vi Matthew correndo até mim. Lágrimas começaram a sair de meus olhos e me abaixei, pegando-o em meus braços e o abraçando com força. Senti tanta saudade do meu pequeno.
Joe: Filho...
Matthew: Papai, eu senti sua falta!
Joe: Eu também filho, muita. _ olhei para seu rostinho _ Onde está a mamãe? Ela está com você? Vocês estão bem? _ lágrimas começaram a sair de seus olhinhos _ Não...
Matthew: Eu não sei onde ta a mamãe, papai. Eu to com saudade dela... _ me abraçou novamente _
          Levantei-me com ele em meu colo, agradeci à senhora e voltei para o helicóptero, falando a Sol que o destino era Serra Leoa.
          Quando já era tarde da noite Sol pousou o helicóptero em uma pequena cidade do país em que estávamos. Achamos um bom hotel e reservei dois quartos para esta noite. Um para ele e outro para eu e Matthew. Tomamos um banho relaxante e nos deitamos. Eu havia decidido que Matt voltaria para os Estados Unidos e ficaria com os avós enquanto eu não voltava com Demi, e achei justo que ele soubesse.
Joe: Matt...
Matthew: Hum... _ falou um pouco sonolento _
Joe: Você vai voltar para os Estados Unidos ficar com seus avós.
Matthew: Por quê?
Joe: Vai ser muito perigoso. Você vai voltar para Nova York e ficar com seus avós enquanto eu não voltar com sua mãe.
Matthew: Eu quero ficar com você papai! Quero encontrar a mamãe com você!
Joe: Não, Matthew. Você vai com seus avós. Ficará muito mais seguro com eles, longe daqui. Não quero que você se machuque mais. Eu levarei sua mãe de volta.
Matthew: Eu quero encontrar a mamãe com você!
Joe: Ela iria querer que você fosse para casa, e irá. Já está decidido.
          Ele parou de argumentar, mas sabia que Matthew queria muito ficar. Eu não poderia deixá-lo ficar e arriscar quase ser morto novamente. Desde que ele nasceu eu prometi a Demi que o protegeria, e não vou quebrar essa promessa.
(...)
          “ Eu andava sem rumo. Não sabia onde estava e nem conseguia controlar minhas pernas para pararem de andar. De longe enxergava uma casa. Estava de noite e a falta de luz não me permitia enxergá-la direito. Conforme me aproximava conseguia ver melhor algumas coisas. Possivelmente a parte de fora já fora pintada de branco algum dia, mas agora a tinta estava descascada, havia rachaduras nas paredes e plantas cresciam em volta delas. Das poucas e pequenas janelas que ali havia a maioria estava com alguns vidros quebrados e sujos. Caminhando contra minha vontade cheguei a velha porta de madeira entreaberta. Involuntariamente entrei dentro da velha casa e visualizei melhor o interior iluminado apenas pela luz da lua que entrava pelas janelas. Era suja e haviam mobílias velhas, algumas delas quebradas. Haviam vários objetos no chão, mas o que me chamara atenção fora uma voz quase inaudível dizendo “Joe, me ajuda”. A súplica ficava cada vez mais próxima conforme eu adentrava mais no interior da casa. A voz estava fraca, quase irreconhecível e eu não conseguia identificá-la. “Joe, me ajuda!” Um desespero bateu em meu peito e eu não sabia o porque. Cada passo que eu dava era uma agonia para saber de quem era aquela voz, mas eu tinha um pressentimento. Uma vozinha no fundo da minha cabeça me dizia de quem era a súplica, mas eu não queria acreditar. Chegando perto de outra porta velha de madeira, eu sabia que era ali que a pessoa estava. Estava abrindo a porta, quase vendo o dono da voz...”
          Acordei assustado. Este sonho, ou pesadelo, tanto faz, me deixou intrigado. Lá eu queria negar, mas sabia muito bem de quem era a voz. A voz angelical de minha doce Demi estava fraca e ela implorava por ajuda. Pela minha ajuda.
          Olhei no relógio e vi que ele marcava oito da manhã. Tomei um banho e me vesti com uma calça jeans azul, uma blusa cinza clara de gola V e um tênis azul escuro. Acordei Matthew e dei banho nele também, colocando nele uma bermuda xadrez, uma camiseta branca e um all star. Havia comprado roupas novas para ele quando chegamos a cidade.
          Descemos para o salão do hotel onde era servido o café da manhã e encontramos Sol já tomando o seu. Nos servimos e sentamos junto com ele.
Joe: Sol, iremos terminar o café da manhã e sair.Quero o quanto antes chegar a Serra Leoa, mas antes precisamos passar em algum aeroporto. _ disse bebendo um gole do meu café _
Sol: Aeroporto por quê?
Joe: Mandarei Matthew de volta para casa em um avião para Nova York Não o quero aqui enquanto procuro minha esposa. É arriscado demais.
Matthew: Mas papai, eu quero te ajudar a procurar a mamãe! _ protestou novamente, tomando seu achocolatado _
Joe: Filho, eu já te disse, é muito perigoso. Você vai ficar com seus avós. Assim saberei que está seguro e não terei que me preocupar.
Matthew: Isso não é justo!  _ cruzou os bracinhos e fez bico _
Sol: Mas hein, por que quis vir procurar sua mulher? Poderia ter deixado as autoridades fazerem isso.
Joe: Fui eu quem a trouxe para este continente. Não me perdoaria se não fosse eu a procurá-la e salvá-la.
Sol: Como ela é?
Joe: Incrível... _ deixei escapar um sorriso enquanto falava _ Inteligente, carinhosa, bonita... A mulher mais linda do mundo. _ peguei uma foto dela que estava em minha carteira _ Esta é ela. _ mostrei a ele _
Sol: Nossa cara! Ela é muito gos... _ o olhei feio _ Bonita. Muito bonita.
Joe: Sim, ela é. _ guardei a foto _
Sol: Coitada dela eu está nas mãos da F. R. U.
Joe: Ela está bem, e sinto isso.
Sol:Bem até agora. Já ouvi histórias de mulheres pegas pela F. R. U. Foi horrível, cara! Dizem que primeiro as fazem trabalhar feito escravas. E, depois que as estupram, jogam numa sala e dão vários tiros na barriga e as deixam agonizando até a morte.
Joe: O quê?!
          Eu fiquei desesperado diante da possibilidade de terem feito isso com ela. Se trabalhasse demais, feito uma escrava, poderia perder o bebê. E sobre o estupro... Não consigo imaginar outro homem que não seja eu tocando em Demi, e sei que ela também não. Eu fui o único homem na vida dela e ambos não queríamos que isso mudasse.
          Mas a última coisa que ele disse foi a que mais me preocupou e me desesperou. Imaginar Demi no chão, toda ensanguentada e agonizando me tirava do sério e ao mesmo tempo me fazia querer chorar de tanto desgosto e tristeza. Eu nunca iria suportar uma coisa dessas.
Joe: Sol, vamos.
Sol: Como?
Joe: Temos que decolar agora. Vamos.
          Voltei para o quarto e peguei minha mochila com minhas coisas e uma outra mochila que havia comprado para colocar as coisas de Matt. Voltei a recepção e Sol já nos esperava lá. Paguei a conta e fomos para o helicóptero, mas antes Sol me falou.
Sol: O aeroporto mais próximo e mais seguro fica na capital de Serra Leoa. Se quiser que o garoto pegue o avião teremos que ir até lá.
Joe: Não, tudo bem. Podemos ir.
          Ele colocou o helicóptero para decolar e logo saímos daquela cidadezinha, a caminho de Serra Leoa. Matthew estava abraçado a mim. Eu sentia que ele estava com medo de toda essa situação, mas não sabia como  acalmá-lo, pois não conseguia acalmar a mim mesmo.
Joe: Calma, garotão. _ sussurrei _ A mamãe vai voltar pra gente. _ o tranquilizei _ Não se preocupe.
Matthew: Eu quero a mamãe aqui com a gente, papai! _ choramingou _
Joe: Ela estará. É só uma questão de tempo até que tudo se resolva e volte a ser como antes.
          Então tentei tranquilizar a mim mesmo, lembrando-me de coisas boas, como o dia das mães do ano passado em que Matthew, com apenas dois anos, fez uma apresentação na escolinha em homenagem às mães.
_ Ele é muito fofo, não é?  _ Demi disse se referindo a Matt que cantava e dançava desajeitadamente no palco com as outras crianças.
_ Claro, é meu filho! _disse, fazendo-a rir.
_ Você é muito convencido, amor!
_ Você me ama desse jeito.
_ É, eu amo! _ sorriu _ Mas não se ache por isso.
_ Acredite, vou me achar bastante. _ a beijei.
_ Okay,agora vamos prestar atenção o show. Matt é a estrela agora!
          Depois disso voltamos a prestar atenção em Matthew. Quando terminou a apresentação, todas as crianças foram de encontro com suas mães, lhe entregando flores.  Matt deu uma rosa a Demi dizendo “feliz dia das mães”, seguido por um “ eu te amo mamãe” que a fez sorrir radiante enquanto o abraçava.
          Lembranças como essa são o que me fazem continuar tentando em um momento como esse. A pior fase de minha vida, sem dúvidas. Mas sinto que irá passar, de uma forma ou de outra. Sinto que ela estará de volta em meus braços. Minha Demi voltará. Eu tenho certeza.

3 comentários:

  1. tadinho do Joe, mas pelo menos o Joe achou o matt
    sinistro esse sonho dele, e isso que o Sol falou foi preocupante =//

    possta logooo

    bjss

    ResponderExcluir
  2. WOW!
    amei a fic! nossa fiquei pasma!
    e pra piorar a situação, o Sol fala uma coisa dessas! aaaaahh
    continuaa, ansiosaa!
    bjus
    xoxo

    ResponderExcluir
  3. Wowowowow! Sinistro: " minha demi voltara . Eu tenho certeza"
    Posta logo , to morrendu aquiii!

    ResponderExcluir