sexta-feira, 26 de abril de 2013

Chapter Seven


         Estávamos voando há horas. Havia um pouco de neblina no céu e, segundo Sol, demoraríamos um pouco mais do que o previsto para chegar a Freetown, capital de Serra Leoa.
          Depois de insistir muito, Matthew dormiu. Não queria colocar ele sozinho num avião, mas ele precisava voltar à Nova York para ficar seguro. Já havia falado com meus pais para o pegarem no aeroporto.
          Meus pais sabiam de tudo que tinha acontecido e estavam arrasados sabendo    que Demi estava desaparecida. Eles a adoram e nunca iriam querer que nada de ruim acontecesse a ela. Falando em sogros...
          O pai de Demi havia me falado barbaridades pelo telefone. Culpava-me pelo desaparecimento de Demi e disse que, se ela não voltasse, entraria na justiça e tiraria a guarda de Matthew de mim, impossibilitando-me de vê-lo.
           Eu já estava arrasado demais e isso me desesperou mais ainda. Não conseguiria viver sem Demi, muito menos sem Matthew. Não importa o que aconteça aqui na África... Meu filho aqueles dois não tiram de mim.
(...)
          Mais horas se passaram e ainda não havíamos chegado a Freetown. Sol disse que demoraríamos um pouco mais para chegar, mas não pensei que fosse tanto tempo. Eu sabia a distancia até lá e já passara mais do que isso.
          Coloque Matt deitado no banco e fui até Sol. Alguma coisa estava errada.
Joe: Ei, Sol. Por que estamos demorando tanto?
Sol: É o que eu também estou tentando descobrir. Estou seguindo na direção certa, mas não chego a lugar nenhum. Talvez a bússola do helicóptero tenha parado de funcionar. E ainda tem essa neblina que não ajuda em nada.
Joe: Tem alguma outra bússola por aqui?
Sol: Acho que tem uma lá atrás, no kit de emergência.
Joe: Vou pegar.
          Fui para a parte de trás do helicóptero e, dentro de um armário, achei uma pequena mala vermelha. Dentro dela havia a bússola, uma lanterna, um isqueiro, um pequeno kit de primeiros socorros, duas garrafas d’água e um pouco de comida. Voltei para perto de Sol com a bússola e voltamos a tentar saber onde estávamos.
Joe: Será que não pegamos a direção errada? _ perguntei incerto _
Sol: Não. Eu fui para a direção certa. Oeste. Tínhamos que voar a oeste, e foi a direção que voei.
Joe: Isso é muito estranho.
          Continuei conversando com Sol até que de repente ele parou de falar. Colocou no piloto automático sem falar nada e ficou estático.
Joe: Sol, o que foi? _ ele não falava nada, mas soltava uns gemidos, aparentemente, de dor _ O que foi? _ então ele tirou sua mão que estava em sua barriga, mostrando uma mancha de sangue _ O que... _ fui interrompido _
Matthew: Papai, o que é aquilo?
          Coloque a mão de Sol novamente em sua barriga, pressionando e fui até a janela do helicóptero, onde Matthew via algo. Olhei para fora e, na terra, vi um jipe andando com vários homens em nossa direção e percebi que todos, menos o motorista, seguravam uma arma em mãos. Estavam se preparando para atirar.
Joe: Deus do céu... Sol! Sol! Sai daí! _ soltei seu cinto e o trouxe para trás do helicóptero, o deitando no chão _ Não pare de pressionar o ferimento! Matt!_ chamei meu filho que ainda observava na janela _ Vem pra cá, filho! Vem!
          Não precisei falar mais nada. Ele veio correndo e se deitou também. Eu podia sentir os tiros que atingiam o metal do helicóptero e os vidros eram quebrados por várias balas.
          O helicóptero começara a balançar. Eu sabia que não teríamos muito tempo no ar. Ele iria cair logo, logo. Olhei para fora com cautela e observei um rio. Era a nossa única chance de escapar.
          Peguei o kit de emergência e coloquei dentro de minha mochila. A coloquei nas costas e segurei a de Matt com um braço. Com este mesmo braço segurei Matthew no colo, ainda deitado, e falei para ele segurar fortemente em mim, que o fez.
          Abri a porta do avião em que as balas não alcançavam e segurei Sol com o meu braço livre. Observei mais uma vez o rio. Estava bem abaixo de nós.
          Sem mais pensar no assunto, me joguei do helicóptero segurando os dois e as duas mochilas. Os homens tentaram atirar em nós, mas, pela velocidade que caíamos, era quase impossível. Até que, por fim, caímos no rio.
           Levou apenas alguns segundos para eu emergir. Ainda segurava Matthew e as mochilas, mas na queda havia soltado Sol sem querer.
          Olhei em volta a procura dos atiradores e nenhum sinal deles. Coloquei Matthew na beira do rio com as mochilas e fui procurar Sol. O achei um pouco distante de onde havíamos caído. Ele estava em estado de semi consciência e respirava com dificuldade, por causa do tiro que havia levado.
          O levei até onde Matt estava e tentei fazê-lo acordar. Sua pulsação estava cada vez mais fraca e sua respiração também. Fiz a massagem cardíaca, mas de nada adiantou. Ele estava indo e não havia nada do que eu poderia fazer.
Joe: Sol, vamos lá cara! Você consegue, não pode ir agora!
Sol: E... Eu espero que con... Consiga achar sua... Sua mulher... _ disse com muita dificuldade _ Ela tem sor... Sorte de ter vo... Você. Nenhum... Nenhum outro faria o que... O que você fez...
Joe: Não fale, vai ser pior pra você.
Sol: Por... Por favor... Diga a minha ma... Mãe que... Que eu... Que eu a amo. _ e, dizendo isso, fechou os olhos _
Joe: Sol! Sol! Droga cara, abra os olhos! _ eu gritava enquanto o chacoalhava _
Matthew: Papai... _ ele choramingou _ Ele vai ficar bem?
Joe: Oh filho... _ o puxei para perto e o abracei _ Ele... Ele agora vai para o céu.
Matthew: Ele vai virar um anjo?
Joe: Sim... Um anjo.
(...)
          Depois da morte de Sol um silencio se formou. Matt somente observava enquanto eu cobria seu corpo com terra e alguma pedras. Era o mínimo que eu poderia fazer a ele, que me ajudou tanto. Se conseguisse salvar Demi, eu iria até a mãe de Sol lhe entregar o recado das últimas palavras do filho.
          Depois de terminar ali fui até minha mochila que estava encharcada. Meu notebook havia pifado. A câmera de Demi e meu celular que são a prova d’água continuaram normais, mas meu celular estava sem sinal, impossibilitando-me de falar com Bill.
          As roupas somente ficaram encharcadas. Objetos de higiene e o kit de emergência haviam sobrevivido. E, é claro, o porta retrato. A foto continuava intacta graças ao vidro que a protegia.
Matthew: Papai, o que vamos fazer agora?
Joe: _suspirei _ Vamos dar um jeito de sair daqui.
Matthew: E a mamãe?
Joe: Vamos encontrá-la também, mas antes temos que saber onde nós estamos.
           Lembrei que Sol havia dito que a direção certa era oeste. Peguei a bússola, que ainda funcionava, e achei o oeste. Guardei minhas coisas de volta na mala e a coloquei nas costas. Coloquei a de Matt nas costas dele também e segurei sua mão, começando a caminhar na direção certa.
(...)
          Pelas minhas contas, ficamos dois dias caminhando debaixo de um sol forte sem muita água. As garrafas d’água e a comida que tinham no kit de emergências eu racionava. Não sabia quanto tempo ficaríamos perdidos.
          Em situações como agora, em que eu achava uma sombra, sentava com Matthew para descansarmos. Não sabia se Matt aguentaria ficar caminhando com essas condições do clima.
Matthew: Papai! _ ele me chamou, me acordando de meus devaneios _
Joe: Sim pequeno. _ falei passando a mão por seu cabelo. Lindo cabelo. Igual ao da mãe _
Matthew: Eu tive um sonho esta noite.
Joe: Com o que você sonhou?
Matthew: Comigo, com você e com a mamãe. A gente tava em casa de volta. E a mamãe tava segurando um bebezinho. Ele era bem pequenininho.
Joe: É um sonho bem legal filho. _ sorri, realmente gostando do sonho dele _
Matthew: Esse sonho vai se realizar?
Joe: Vai sim. Com certeza vai.
Matthew: Eu to com sono agora. _ esfregou os olhinhos _
Joe: Ih, campeão, a gente precisa voltar a andar.
Matthew: Mas eu to com sono.
Joe: Então tá. Espera um minutinho.
          Levantei-me do chão e limpe minha calça. Tirei minha camiseta e pendurei a mochila em minhas costas, mas em um só braço. Peguei Matthew, que já estava com sua mochila nas costas, no colo e ele deitou a cabeça em meu ombro. Coloquei minha camiseta sobre a cabeça dele, evitando que o sol o incomodasse.
          Assim continuei a caminhar para oeste. Não encontrava nada nem ninguém, mas eu sei que alguma coisa está perto. Mais perto do que eu imagino, e não vai demorar a encontrá-la.

2 comentários:

  1. Vc quer me matar do coracao?
    Perfeitooo!
    Posta logo ! Por favor!

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  2. essa fic é perfeita meu deus do ceu
    posta logoooooo

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