sexta-feira, 28 de março de 2014

Shadows - Capítulo 22 - Final



            Acordo com o som de uma explosão, não sinto o vento gelado, mas está frio ainda, meus olhos estão pesados e sinto como se minha cabeça fosse explodir, consigo ver apenas um borrão vindo em minha direção.
            Minha visão volta ao normal a tempo de ver Lindsey me abraçando com força.
            -Cara! Como senti sua falta!- Diz ela em meu ouvido.
            É tão bom ter ela de volta, nós nos afastamos para podermos nos ver, ela está usando uma saia preta justa e um terno grande demais para ela.
            -Mas que drogas de roupas...- Eu começo a dizer.
            -Era uma droga de uniforme que eles nos forçavam a usar.- Ela retira o terno revelando uma camisa camuflada- Mas isso não importa agora, temos problemas mais importantes.
            Agora eu percebo que estamos na floresta, eu estou sentada encostada em uma árvore grossa, Lindsey está agachada na minha frente, olhando nervosamente para os lados, consigo ouvir a batalha acontecendo atrás de mim.
            -Eu pensei que ia dormir para sempre, bela adormecida.- Diz ela com um sorriso travesso- Precisamos voltar para a batalha, agora!
            -Tudo bem.
            Eu fico de pé, não estou tão tonta, Lindsey pisca para mim e corre para a batalha, eu rezo em silêncio para ela ficar bem.
            Respiro fundo e também corro para a luta, mas desta vez não tenho tempo para ajudar outros, já tenho um alvo em mente.
            Finalmente encontro John, ele está em cima do corpo de uma garota, rindo ao ver tantas pessoas caídas, quando ele me vê começa a aplaudir, eu vou correndo em sua direção, ele está desarmado e eu também, acho que posso vencê-lo em uma luta corpo a corpo.
            Porém ele rapidamente puxa de debaixo do corpo da garota a espada persa de antes, ele a agita na minha frente eu paro a poucos metros dele, ele levanta a espada e eu aproveito para atingir meu cotovelo em seu peito.
            Ele perde um pouco o equilíbrio, eu tento ser rápida e dou voltas em torno dele, o deixando confuso, mas logo ele antecipa meus movimento.
            John me dá um tapa com as costas da mão e eu perco o equilíbrio, acabo de joelhos, meio atordoada, ele se abaixa na minha frente, segura meu pesco e me força a olhar para ele, seus olhos mostram que ele está se divertindo com isso, ele levanta a espada e coloca em cima da minha boa.
            -Que tal fazer um voto de silêncio, Demetria?- Diz ele.
            John passa devagar e com força a lâmina em cima de meus lábios, não é um corte muito logo, mas é agonizante, a forma como ele faz, parece que está queimando, ele continua rindo como louco.
            Ele me joga para trás, me deixando cair de costas para o chão, Joe aparece atrás de John, ele acerta um soco em suas costelas, mas John nem cambaleia, simplesmente gira o corpo e acerta o cabo da espada na testa de Joe.
            Joe desvia de outro golpe, porém já está com suas energias esgotadas e não é tão rápido, e quando John estica a mão e pega seu cabelo ele já não tem forças nem para levantar seus braços.
            John derruba Joe com um chute no maxilar, meu grito de agonia se junta ao de Jessy que chega correndo, ela se abaixa ao lado de Joe, sem coragem para toca-lo.
            -Você prometeu que isso não ia acontecer!- Ela se levanta e vai indo em direção à John- Você disse que Joe seria poupado e que...
            -Eu menti, tá legal?- Responde John como se isso fosse óbvio- Eu precisava de você ao meu lado, olhe só a diferença que você fez! Olhe quantos você matou!
            Jessy olha ao seu redor, vendo dezenas de corpos caídos o chão, na maior parte, jovens, pessoas com cabeças arrancadas e com seus corpos estraçalhados, Jessy olha para suas mãos cobertas de sangue, eu posso ver que agora a verdade se torna clara para ela.
            Ela continua se aproximar de John, mas sem perceber o que está fazendo.
            Até o momento em que ela chega perto demais dele.
            John enfia a espada no coração de Jessy.
            Ela morre.Fim.
            Eu consigo me arrastar até ela, mas o sangue não jorra mais. Esta é a única maneira de matar um vampiro, cortando uma veia que pare de bombear o coração, ou atingir o próprio coração. Afinal o que é uma vampiro se não um monstro que precisa repor seu sangue constantemente?
            O corpo sem vida dela está frio e rígido, mas seu belo rosto está intacto, posso ver uma pequena lágrima que ainda rola de seu olho aberto, o azul de seus olhos já não é tão brilhante, agora está cinza, quase branco.
            -E esse é o fim de sua traidora!- Diz John.
            Um calor cresce dentro de mim, uma ansiedade, algo que nunca havia sentido antes, uma sede pelo sangue de John, a necessidade de ver seu corpo morto, só consigo ouvir o som de sua risada, odeio a forma como ele acha que sabe de tudo, odeio quando ele acha que tem tudo sobre controle.
            Sinto uma confusão de sentimento, sons, lembranças. Até que tudo silencia e some, apenas uma coisa permanece, o desejo de vingança.
            Vejo alguma coisa dentro do casaco de Jessy, algo metálico e cumprido, é uma katana, sem hesitar eu estico minha mão e fecho meus dedos em volta do cabo, retiro ela do casaco, é incrivelmente leve, o cabo é preto com fitas azuis em volta, a katana é perfeita em minha mão.
            Aperto com força o cabo e dou um salto, John investe contra mim, nossas espadas se chocam violentamente, esquivo para o lado e tento atacá-lo novamente, de novo, e de novo.
            Ele não está mais exibindo seu sorriso confiante, ele está preocupado, isso é o suficiente para me dar forças.
            Vou dando ordens para meus músculos,“Mais rápido!”,”Mais forte”, meu corpo entra em um ritmo sobre-humano, sou muito veloz, vou atacando com cada vez mais frequência, John começa a cambalear, ele está quase caindo.
            Eu finjo que vou acertá-lo na perna esquerda, ele baixa a espada para se defender, mas eu cerro meu punho e dou um soco em seu maxilar, ele fica confuso, eu o desarmo e o jogo com força no chão.
            Ele se vira para me olhar, algumas gotas de sangue escorrem pelo seu queixo, um hematoma roxo começa a ficar visível em sua mandíbula.
            -O que aconteceu com você?-Pergunta ele assustado- Eu nunca vi olhos assim antes, e suas presas estão...
            Passo a língua em meus caninos e me surpreendo ao senti-los com o dobro de tamanho, quase não consigo fechar minha boca, viro a parte chata da katana para cima de modo que posso ver nitidamente meu reflexo, meus olhos estão brilhando em um vermelho intenso, parecem chamas líquidas.
            Me aproximo de John, ele tenta recuar, mas eu o impeço colocando a katana em seu pescoço.
            Ele estremece ao sentir a lâmina fria encostar em sua pele,
            -Você não tem direito de me matar!- Diz ele cuspindo sangue em meu rosto- Você é apenas mais uma vampira qualquer!
            -Não!- Eu digo com toda a minha confiança, limpo rapidamente o sangue de minha bochecha- Eu sou descendente do conselho dos vampiros, sou filha de Hannibal Lecter, sucessor da liderança do conselho. E agora executo você, por tentar assassinar dezenas de inocentes, manipular o conselho, abuso de poder, homicídio, entre outras graves acusações.
            -Meus crimes ainda não te dão o direito de...
            -Com estas acusações você é expulso do conselho, como você não tem descendentes, e você é meu tio, eu agora me torno parte do conselho, melhor dizendo, líder do conselho dos vampiros, então eu calaria a boca se fosse você, porque eu tenho total direito de te acusar.
            Levanto e abaixo a espada, sinto o impacto, a lâmina corta de uma só vez, eu não preciso olhar, sei que ele está morto, e também porque ele não deve ser menos nojento morto do que vivo, vou para dentro da mansão.
            Alguns vampiros amigos me ajudam a levar Joe para dentro da mansão, o deixo sob os cuidados de uma moça e ando pelas salas perguntando se alguém precisa de ajuda.
            A mansão virou um hospital, muitos estão feridos, os que estão bem cuidam dos outros, o que mais me assusta é que ninguém está chorando, ninguém está assustado, estão apenas sérios, com o rosto sereno.
            O luto dos vampiros é diferente do dos humanos, o humanos choram, alguns cortam os pulsos, fazem escândalo, o luto dos vampiros é o silêncio.
            Mas a minha parte humana necessita chorar, corro até meu quarto arrastando a ponta da espada o chão, na metade do corredor sou interceptada por alguém, Lindsey.
            Eu me jogo em seus braços, seu abraço é suave, mas firme, tudo o que eu precisava nesse momento, senti tanta falta dela, ela também começa a chorar, em poucos segundos viramos duas malucas soluçando no corredor.
            A noite chegou, ninguém estava com sono, foi um trabalho triste, mas todos se ofereceram para ajudar a limpar o lugar, uma parte das pessoas se ofereceu para cavar as covas, outras se ofereceram para deixar a aparência dos cadáveres de nossos amigos com uma aparência mais respeitosa.
            Os corpos dos inimigos foram queimados em uma enorme pilha, o cheiro foi horrível, mas ninguém sentiu pena.
            Já estava amanhecendo quando o funeral começou, mas por sorte o dia estava nublado, eu coloco um simples vestido preto que vai até o joelho, estou com muitas olheiras, meus ferimentos já estão curados, apenas uma de minhas costelas continua quebrada, mas não tem o que fazer.
            Uma fina cicatriz percorre o meu lábio na vertical, é bem pequena, mas me incomoda muito, pois diferente dos outros ferimentos, este deixou uma marca, algo que vai me perseguir para sempre, mas até que bom isso, sempre que eu lembrar dela eu vou lembrar de tudo o que passei.
            Todos estão do lado de fora da mansão, vestidos com suas roupas de luto, uma fila de pessoas carregando caixões se forma, Hannibal me convida para estar ao seu lado na frente, começamos a caminhar, entrando n floresta.
            Vou em silêncio liderando a enorme fila de caixões, olho para trás um instante, Joe está ajudando a carregar o primeiro caixão, o caixão de Jessy, é tão sereno, é branco com pequenas borboletas azuis desenhadas na tampa, indicando que ela é livre agora.
            Joe está melhor, seus ferimentos se curaram rapidamente, mas ele ainda reclama de uma dor na cabeça.
            A floresta parece tão silenciosa, nenhum pássaro canta, até mesmo o vento não sobra, posso apenas ouvir dezenas de passos suaves sobre as folhas caídas no chão.
            Andamos até uma enorme clareira, dezenas de covas foram perfeitamente e simetricamente cavados, eu saio do caminho quando Joe passa carregando o caixão de Jessy e o deposita suavemente na cova, seguido por todos os outros.
            Os homens pegam pás e começam a jogar terra em cima dos caixões, as mulheres pegam pequenas flores brancas e as jogam no meio da terra.
            Não sei explicar o motivo, mas enquanto vejo os túmulos se enchendo de terra, uma dor toma meu coração, uma dor aguda, mas então passa, não sinto mais nada, apenas aceito que eles partiram..
            Após todos os caixões estarem cobertos, todos vão em direção à mansão, eu fico parada por um instante, encarando enquanto uma garota de 6 ou 7anos vai silenciosamente fincando cruzes de madeira pintados de brando na parte de cima das covas, ela canta suavemente uma canção, mas posso ouvir claramente suas palavras.
“O veneno dos espinhos da morte
Põe a alma que nunca decai para dormir
O veneno puro dos espinhos da morte
Enterra essa alma eterna que não conhece a paz
O tempo desvanece, cravando inúmeras feridas
Se estar vivo é uma tortura, então o que você procura?
Oh doce mel dos espinhos da morte
Põe a alma que nunca decai para dormir”
            Ela termina de distribuir as cruzes e olha para mim, eu nunca vi essa menina antes, ela não é da mansão, disso eu tenho certeza, assim que nossos olhares se encontram ela sorri, coloca uma mecha de seu cabelo castanho atas da orelha, ela se vira em direção oposta á mansão e vai saltitando para dentro da floresta, ainda cantando os versos da estranha canção.
            Eu dou um passo para frente, mas alguém coloca a mão em meu ombro, eu reconheço bem o peso da mão se Hannibal, imediatamente eu paro.
            -Não é uma boa ideia seguir um fantasma- Sua voz é cautelosa- É melhor simplesmente deixá-los ir.
            -De quem é aquele fantasma? Eu não a reconheço.
            -É seu fantasma, Demetria.
            Um frio percorre minha espinha, isso me deixa extremamente desconfortável.
            -Como assim?-Eu pergunto.
            Hannibal inspira fundo, ele está muito calmo, eu queria poder estar assim também.
            -Fantasma são memórias.- Explica ele- E algumas memórias se fixam nos lugares em que ocorreram.
            -Mas eu nunca estive aqui com essa idade, nunca cantei essa canção.
            -Esta não é uma memória sua, Demi.- Diz ele tristemente- É minha. A diferença é que essa memória nunca aconteceu. Quando Dianna disse que estava grávida e que me entregaria a criança para que eu criasse, eu imaginei uma história para nós, eu te imaginei ao meu lado, eu sempre quis uma filha, mas vampiros não podem ter filhos.
            -Você realmente amava minha mãe?- Eu pergunto- Ou o que aconteceu foi apenas para você ter uma prole?
            -Eu a amava...não...eu amo ainda...
            Essas palavras ficam na minha mente até a noite, assim como a imagem das dezenas de cruzes brancas em contraste com o verde da floresta, assim como a canção do meu pequeno fantasma.
            Eu estou exausta, mas estou inquieta demais para isso, deito no sofá preto em meu quarto e encaro o teto branco, eu não sei o que esperar, o futuro? O passado me assombrando?
            Será que o que eu disse é verdade, será que realmente me tornei parte do conselho?
            Sou tirada dos meus pensamentos quando a porta se abre lentamente, eu vejo Joe trazendo uma bandeja com duas canecas, ele coloca a bandeja na cama e se senta.
            Eu me sento no sofá com as pernas cruzadas, aceito quando ele me estende uma caneca, na caneca o cheiro inconfundível de chocolate quente me faz sentir êxtase.
            Depois de comermos eu abro a janela do meu quarto, deixo uma brisa fria entrar, olho pela janela a lua sendo encobertas por nuvens, Joe me vira sutilmente e se aproxima.
            -Te amo tanto, pequena.- Diz ele quase sussurrando- E agora terei você em meus braços para sempre.
            -O que?-Eu finjo que esqueci.
            -Você disse que ia casar comigo, lembra?- Diz ele com um sorriso no rosto.
            Aconteceu tanta coisa hoje e ontem que eu nem tive tempo de ficar feliz com o pedido de Joe, agora acredito que seja o momento certo de ficar feliz.
            -E eu tenho certeza absoluta que não me arrependo disso.- Eu puxo para mais perto, ele é cauteloso.
            Ele me beija delicadamente, repousa suavemente uma mão em minha cintura e com a outra segura minha mão, eu endireito meu corpo, pouso minha outra mão em seu ombro e deixo ele me guiar em uma dança.
            Aquele momento perfeito... não tenho problemas agora, nós giramos pelo meu quarto, mesmo não tendo nenhuma música, conversamos o tempo todo, falando dobre o passado e sobre o futuro, nossos planos para uma vida feliz, juntos.
            Dançamos sem pressa, afinal temos bastante tempo para passarmos juntos, temos a eternidade.
            E pela primeira vez, ser eterna não me pareceu tão ruim...

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 Acabou gente #crying
Finais de web sempre mexem comigo (T-To)
Gostaram? Eu simplesmente a-d-o-r-e-i!! Obviamente né, uma história como essa tem de ter um final muito lindo, com direto a essa cena romantica e tudo mais.
Leiam, releiam e leiam de novo kkk,
Depois trarei informações sobre a web nova ^^
Beijos~

Um comentário:

  1. AAAAAAAAHHHH
    Não creio que acabou :'(
    Fic linda, perfeita *-*
    Amei tudo, tudo mesmo <3
    To ansiosa para a proxima fic... não demore a postar pf kk
    Bjus linda..
    xoxo

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