terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Shadows - Capítulo 20



            -Você é louca!- Diz Tyler.
            -Mas eu preciso tentar!- Eu digo- É por um bem maior.
            -Totalmente pirada!- Concorda Joe.
            Eu cruzo os braços frustrada, eles não aceitam meu plano de jeito nenhum, mas eu acho que no fundo Tyler concorda que é uma boa ideia.
            Ele é um cara bonito, até de mais, fica um pouco ofuscante, tem cabelos loiros espalhados, um corpo forte e atlético, usa uma camiseta preta com desenhos cinza, um boné pendurado no bolso do jeans, seus olhos são azuis, realmente um cara que chama a atenção.
            Ele e Lindsey começaram a namorar no ano novo, eles não contaram a ninguém, tentando se manter discretos, ele ficou muito abalado ao saber que ela havia sido levada, ele mal fala, e mesmo por nós termos nos conhecido a pouco tempo, eu fico com muita pena dele.
            -Pequena...- Joe coloca sua mão em meu ombro- Entenda que o que você quer fazer é suicídio.
            -Não exagera!-Eu digo encarando eles- Pode até ser perigoso, mas é a única forma de salvar a Lindsey.
            -Demetria...- Começa Tyler.
            -Pode me chamar de Demi, Tyler.- Eu digo tentando parecer amigável.
            -Certo, ah... Demi, conte novamente seu plano, só para ver se entendemos melhor...
            Eu respiro fundo, deixando o meu plano claro em minha mente, vai ser difícil convencê-los a me ajudar no plano, endireito meu corpo, estou sentada em minha cama, Joe está ao meu lado e Tyler sentado no sofá preto.
            -Ok!- Eu começo- Ao que parece, John está planejando alguma coisa contra nós, isto está óbvio, ele está reunindo chefes de filiais do mundo para convencê-los de que somos um tipo de ameaça, então seria nós contra o mundo todo...
            -Que animador...- Resmunga Joe.
            -Nós poderíamos evitar qualquer guerra se fossemos até a Rússia e resolvesse tudo diplomaticamente, longe daqui, protegendo tudo o que temos e...
            “Salvar a Lindsey...” Mas eu nem precisei mencionar isso, pude ver que Joe e Tyler já tinham entendido, Tyler pareceu bem interessado em observar o chão, Joe ainda não parecia muito convencido.
            -Tá...- Diz Joe se inclinando para frente- E quem iria nessa missão suicida? Hannibal...
            -Não!- Eu quase grito- Nada de Hannibal! Eu estava pensando em nós três, não quero envolver mais ninguém nisso.
            -Pequena, você acabou de reduzir nossas chances, em vez da Filial de Intense Hill contra o mundo, agora somos só nós três contra o mundo.
            -Huum, Demetri...  quero dizer, Demi. – Diz Tyler – Eu gosto do seu plano...
            -O quê?- Eu e Joe dizemos ao mesmo tempo.
            -MAS...- Continua ele- Acho que devemos ir na sorrateira, de uma forma que eles não saibam que estamos lá, resgatamos Lindsey, e bem...
            -Matamos John!- Eu completo.
            Ficamos em silêncio, para mim o plano está pronto, basta apenas executá-lo, mas Joe está sério, posso ver que ele está analisando as probabilidades de este plano falhar, Tyler bate o pé no chão repetidas vezes, nervoso.
            -É insano.- Diz Joe, mas ele parece mais calmo- Mas é melhor do que ficar parado. Confio em você, pequena.
            Joe segura minhas mãos, eu sorrio, agradeço muito por poder ter ele perto de mim, me viro para olhar para Tyler, ele confirma com a cabeça.
            -Estou dentro.
            -Então vamos lá!- Eu digo confiante- Lembrem que ninguém pode saber disso, principalmente Hannibal!
            -Eu vou arrumar minhas coisas.-Anuncia Tyler- Vamos nos encontrar na porta de entrada quando estiver amanhecendo.
            Então ele sai de meu quarto, me deixando sozinha com Joe, a luz da lua entra de leve pela janela, uma das últimas luas do verão, logo o mundo iria ficar seco e marrom, não que isso fosse ruim, eu sempre amei o outono, quando eu morava na rua (Parece que foi a muitos anos) o inverno era frio demais, quase me matou muitas vezes, o verão era quente demais, me fazia suar demais, e a primavera fazia insetos nojentos brotarem de todo lugar.
            O outono, apesar de ser muito seco, o ar não era muito frio, eu não precisava me preocupar em dormir em um lugar úmido, realmente era maravilhoso, mas isso foi em outra época, em outra vida...
            -Joe, preciso da sua ajuda!- Eu sussurro.
            -Claro, pequena. Sempre vou te ajudar.
            -Naquele baile que teve aqui na mansão... Teve um momento em que John conseguiu usar minha habilidade contra mim, ele me deixou entrar na cabeça dele e me mostrou apenas o que ele queria, sem falar que ele pode me fazer sentir apavorada, eu não quero que isso vire uma arma contra mim.
            -E você quer treinar comigo?
            -Se você permitir... permitir que eu veja seu passado...
            Então eu vi, por debaixo do forte e duro Joseph Jonas, um passado que o assombrava, algo que não o fazia esquecer.
            -Eu permito.- Diz ele suavemente, se inclinando em minha direção.
            -E você vai tentar bloquear, tente me mostrar alguma outra coisa, alguma coisa que eu já sei.
            -Pronta?
            -Eu é que devia perguntar.
            Respiro fundo, coloco lentamente minhas mãos em seu rosto, sua pele está fria, demora algum tempo até eu sentir um leve choque e entrar em sua mente.
            A primeira coisa que vejo é a mansão do lado de fora, Lindsey começa a rolar na grama, um casal está sentado na sombra da mansão, então eu me reconheço, caramba como eu estava feia, estava meio descabelada, suando, mas mesmo assim Joe se inclina e me beija.
            É tão gostoso relembrar disso, quase me esqueço de que não estou na cena, quase esqueço de meu propósito.
            Tento pensar em segredos, em algo obscuro, algo secreto, minha atenção é direcionada a uma sombra na grama, perto de Lindsey, é uma sombra humana, mas não pertence a ninguém.
            É isso! Uma falha na memória! Um pequeno buraco de escape. Corro em direção a sombra.
            Toda aquela cena feliz se desfaz em névoa roxa, mas então tudo fica escuro, não consigo ver nada, não sinto nada, nem o chão, nem minhas próprias roupas é como se eu estivesse flutuando, ainda sinto um vento suave, como se eu estivesse me movendo.
            Então meus pés encontram algo, talvez o chão, mas não consigo ver nada, apenas deixo que meus pés se apoiem, depois e um tempo começo a caminhar, o chão é plano, mas parece um pouco arredondado, sinto como se estivesse tonta, ainda não consigo ver nada, até o momento em que vejo uma luminosidade suave.
            Encontro uma enorme parede de concreto em minha frente, não consigo ver aonde ela termina, mas posso ver a luz passando por baixo da parede, eu encosto minhas mão na parede, ela é muito quente, ao contrário do que eu esperava, eu sei o que tem atrás dela, alguma memória importante de Joe, preciso passar pela parede.
            Começo a empurrar a parede, é ridículo eu sei, mas então um conflito vai se formando dentro de minha cabeça, rachaduras começam a aparecer, causadas não pela força física, mas pela força mental.
            Quando as rachaduras se encontram, a parede desmorona, eu me afasto um pouco, uma luz ofuscante agora está a minha frente, eu corro em direção à ela, parece como se eu estivesse tentando andar dentro de uma gelatina, o ar frio vai se dissipando, dando lugar à uma sensação de calor agradável e eu entro na lembrança de Joe.
            Eu estou em uma cozinha, nada de especial, o que é estranho, é apenas uma cozinha típica de um lar comum, uma bela mulher de cabelos encaracolados e rebeldes leva um recipiente com vegetais para fora da cozinha, em direção à uma sala de jantar.
            É uma sala simples, com uma grande janela e longas cortinas verdes, a mesa está repleta de comida, frango assado, tortas, sucos e tantas outras coisas aparentemente saborosas.
            Na mesa estão sentados três meninos, é difícil dizer com precisão a sua idade, mas todos tem menos que 12 anos com certeza, um homem elegante senta em uma das pontas da mesa, ele tem profundas olheiras, seu olhar fica perdido na mulher, tem algo errado com ele, sua camisa está abotoada errado, a barba está mal feita.
            Tudo acontece muito rápido.
            O homem se levanta e salta em cima da mulher, ele levanta o braço, em sua mão tem uma faca.
            -Não!- Eu grito por instinto, corro até eles e tento empurra-lo... mas é só uma lembrança...
            Ele abaixa a faca no coração da mulher, seu belo rosto é manchado de sangue, as crianças ficam assustadas, mas não se levantam, apenas começam a chorar.
            Vários flashes me cegam.
            Cambaleio um pouco para trás, mas meu pé tropeça em alguma coisa e caio no chão de costas, fico um pouco desorientada, o objeto no qual eu tropecei é comprido e... é um braço! O braço ensanguentado de uma criança.
            Dois pequenos corpos se estendem pelo chão, o mais velho e o mais novo, encharcados pelo próprio sangue, um tem uma enorme ferida na cabeça que jorra sangue, o outro ainda se debate, tentando desesperadamente tampar um buraco em seu estômago, o homem está arfando com dificuldade e ele baixa a faca uma última vez sobre o corpo do menino ainda vivo.
            O homem sorri, mas então fica sério e começa a vascular a casa... procurando o outro menino, que está quietinho em um canto, ele se esconde atrás da cortina, mas ela é um pouco transparente, deixando sua silueta visível.
            O menininho chora alto, por mais que ele tente esconder seu choro, o homem finalmente o encontra, se aproxima silenciosamente até o menino, puxa a cortina violentamente, o garotinho olha para cima com seu nariz escorrendo, os olhos castanhos brilhando com as lágrimas de medo.
            O homem dá um sorrisinho perverso, ele levanta a mão devagar, a faca reluz, o menino grita de medo, um vento forte faz a porta abrir violentamente, um vulto entra por ela.
            O vulto vai em direção ao homem, parando atrás dele, então tudo para, posso ver que o vulto é um homem que mantém a cabeça baixada, mas sua silhueta é bem conhecida, esse cabelo cor de areia, o físico forte e um sobretudo de lã, Hannibal Lecter.
            Hannibal está com o braço esticado, seu pulso passa pelo tórax do homem, com sua mão saindo pela frente do corpo que cai sem vida.
            Hannibal olha para o menino que se encolhe, eles se encaram por um tempo, até Hannibal estender a mão suja de sangue para o garotinho, que relutantemente a pega.
            Meu corpo começa a flutuar entre as lembranças, vejo de relance Hannibal alimentando Joe, o treinando, ensinando-o, mas sempre com uma expressão fria e aterrorizante.
            Decido que já foi o suficiente, penso em minha mente desconectando da de Joe, vou voltando rapidamente, até meu próprio corpo.
            Eu desabo no mesmo instante em que afasto minhas mãos, fico com o rosto enfiado na cama, não quero levantar, isso é um pouco infantil, mas preciso de um tempo para assimilar tudo, finalmente me sento novamente, Joe tem uma expressão inalterada.
            -Hannibal matou seu pai.- Eu sussurro.
            -Não!- Diz ele balançando a cabeça- Hannibal me salvou de um assassino! Meu “pai” tinha uma amante que exigiu que ele matasse sua família, como você viu, minha mãe e meus irmão não tiveram a mínima chance, ele tinha bebido tanto...
            -Joe...eu...
            -Não se preocupe pequena.- Joe se aproxima de mim- Eu já superei tudo isso a muitos anos atrás, não tenho mesmo de quem me vingar, a amante dele morreu em um acidente uma semana depois, então estou na boa.
            Isso parece um pouco cruel, mas eu mesma já sei que o mundo não dá nenhuma trégua.
            Eu arrumo uma pequena bolsa assim que Joe sai de meu quarto, coloco pouca coisa, não pretendo ficar muito tempo mesmo, levo uma roupa extra, um kit de higiene, lanterna e coisas que podem ser úteis, não precisamos levar comida mesmo.
            Encontro com Joe e Tyler na porta da frente, está quase amanhecendo, todo mundo deve estar no começo de seu sono agora, obviamente nós tentamos não chamar atenção, ninguém repara muito em nós.
            Um carro preto espera por nós, não sei de onde eles arranjam esses carros, mas prefiro não perguntar, Joe vai dirigindo, eu vou no banco do carona e Tyler atrás, seguimos rápido por Intense Hill, ninguém fala nada, mas eu murmuro um adeus assim que saímos da cidade, caso eu não volte.
            New York ainda está acordando, o movimento nas ruas ainda é baixo, o sol está subindo preguiçosamente, entre suaves e pequenas nuvens, indicando que vai ser um dia muito quente.
            Chegamos ao aeroporto com facilidade, está um pouco tumultuado, mas nada excepcional, assim que entramos um funcionário vem correndo falar com Joe, ele fala depressa, eu não consigo entender direito, só entendo que ele está se desculpando, assim que o funcionário se afasta Joe se vira pra nós.
            -Teve uma tempestade em São Petesburgo.- Anuncia ele- Mas já passou, só precisamos da autorização do aeroporto de lá, só leva uns minutinhos.
            -Vamos ficar mofando em pé aqui?-Reclama Tyler.
            -Hannibal faz muitas viagens.- Diz Joe- Ele é ousado demais para esperar um voo em pé.
            Dizendo isso, Joe nos leva a algum lugar pelo aeroporto, depois de subir uma escada e andar mais um pouco chegamos a uma sala.
            Duas das paredes são de vidro, nos dando a visão da pista de pouso dos aviões e do interior do aeroporto, entramos por uma porta na parede que conecta ao restante do prédio, tem longos sofás de cores neutras, a luz é fraca, mas deixa o ambiente aconchegante, no centro da sala a uma pequena mesinha com revistas espalhadas por ela.
            Joe se deita em um sofá, eu me sento em outro, Tyler avisa que vai comprar café para ele e já volta.
            O mundo parece tão normal, pela janela vejo o sol fazendo o mesmo percurso que faz todo dia, o vento ainda sobra suavemente as folhas das árvores, está tudo tão perfeito, mas eu sei que isso vai durar pouco, em poucas horas estarei longe daqui, em território inimigo.
            Jogo minha cabeça para trás e estico minhas pernas na mesinha, tentando aliviar a tensão em minhas juntas, por sorte o ar condicionado está ligado, evitando que eu sue muito, fecho os olhos e imagino que estou no meu quarto, mofando eternamente de tédio.
            A porta range levemente, indicando que Tyer voltou, endireito meu corpo e abro os olhos, um gemido escapa de meus lábios e Joe começa a murmurar todos os palavrões conhecidos pela humanidade.
            Tyler está de joelhos, seu olho direito está roxo e inchado, ele está na frente de um grupo de 30 pessoas ou talvez mais, a maior parte deles está fora da sala, demoro um instante para ver que um homem com cabelos cor de areia segura firmemente os cabelos de Tyler com uma mão, forçando ele a ficar com a cabeça baixa.
            John foi capaz de prever minha jogada.

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Então né, demorei a postar de novo kkk, é que recebi o cap hoje.
Mas olha, essa fic já está quase chegando ao fim e a próxima é uma de autoria minha, ela se chama My Princess. Sim, é tipo medieval. Vocês vão me dizer se é legal quando eu postar ela kkk, Então espero que tenham gostado e comentem bastante minhas tortuguitas :D

Um comentário:

  1. a demora sempre vale a pena!
    cara essa fic é demais, não me canso de falar isso!!!
    uh medieval, sei que vou amar, amo fics medievais também hehe
    posta o quanto antes, amo esse blog
    bjus linda
    xoxo

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